I SÉRIE — NÚMERO 66
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Educação e Ciência nos apresenta não mentem, tornam exposta uma fratura escondida muitas das vezes pelos
responsáveis das instituições.
Olhemos, por exemplo, para um destes dados estatísticos. Apenas 1% dos investigadores até aos 30 anos
estão integrados na carreira. Repito, apenas 1% dos investigadores estão integrados na carreira, aqueles que
compreendem uma idade inferior a 30 anos.
A pergunta impõem-se não só a reitores mas também a todos os responsáveis políticos de várias áreas, seja
do ponto de vista governativo e do Executivo, seja do ponto de vista das responsabilidades de cada uma das
instituições.
Faz sentido, para o Bloco de Esquerda, 10 anos depois da aprovação da lei que avalia a qualidade do ensino
superior, colocar como dois novos fatores, primeiro, a questão das universidades e dos politécnicos poderem
ser avaliados também pelos montantes investidos na sua rede de residências universitárias e, segundo, a
responsabilização dessas mesmas universidades e politécnicos pelo combate à precariedade, colocando como
critérios da sua avaliação a qualidade da contratação. É um imperativo dos nossos tempos, Sr.as e Srs.
Deputados!
Há uma linha que separa aqueles que dizem que fazem dos que dizem e fazem. Da parte do Bloco, sabemos
que uma atuação consistente nesta matéria responsabiliza todos os agentes políticos e este projeto de lei tem
como função resolver também o problema nesse aspeto.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A situação no ensino superior público
e os vários problemas com que se confronta hoje decorrem, grosso modo, do crónico subfinanciamento a que a
instituições foram condenadas pelas opções de sucessivos governos, que têm em comum o facto de sempre
terem convergido na prática da política de direita.
Por isso, o PCP apresentou já iniciativas que resolvem as questões de fundo, designadamente, uma nova lei
de financiamento do ensino superior e uma Lei-Quadro da Acão Social Escolar. Mas não prescindimos de intervir
nas questões urgentes que carecem de solução imediata. É o caso dos temas que trazemos, hoje, a debate,
com duas iniciativas que propõem medidas para combaterem a precariedade laboral nas instituições de ensino
superior e para a requalificação e construção de residências universitárias.
Defendemos que ninguém fique para trás no combate à precariedade, não só aproveitando o atual Programa
de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP) mas aplicando,
efetivamente, o princípio de que a um posto de trabalho permanente tem de corresponder um vínculo efetivo.
Assim, consideramos que têm de ser criadas as condições para que os trabalhadores que foram
considerados inelegíveis para o PREVPAP por falta de habilitação académica, apesar de desempenharem as
funções atuais enquanto necessidade permanente sem essa mesma habilitação, possam concluir o processo
de obtenção do grau académico necessário à sua vinculação. Temos tido relato de várias situações de
trabalhadores que estão nesta situação, pelo que consideramos que têm de ser tomadas medidas urgentes.
Propomos ainda a prorrogação do prazo previsto no regime transitório para a carreira docente do politécnico
para todos os casos em que a lei que prevê a redução letiva não está a ser cumprida, impossibilitando que os
docentes tenham o tempo necessário para a conclusão do seu doutoramento. A sobrecarga horária letiva é já
quase norma nos politécnicos e nas universidades para o pessoal convidado a tempo parcial e integral,
chegando a estar plasmada nos regulamentos de prestação de serviço das instituições.
Sabemos, por denúncias de vários docentes, que, na maioria das vezes, as horas letivas em excesso não
aparecem nas distribuições de serviço elaboradas no início do ano letivo, entretanto alteradas no seu decurso.
Com recurso a ameaças mais veladas ou mais descaradas por parte das instituições, facto é que tal resulta na
amputação de tempo precioso destes docentes que não pode ser compensado se a sobrecarga horária, pura e
simplesmente, terminar ao dia de hoje.
Outra questão que aqui trazemos tem a ver com a urgência sentida pelos estudantes do ensino superior em
relação à falta de alojamento nas residências públicas, bem como à degradação das instalações em várias