I SÉRIE — NÚMERO 66
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Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Margarida
Mano.
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — Sr. Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, a proposta do projeto de lei do
Bloco de Esquerda introduz um parâmetro adicional de avaliação que se aplica não a todas as instituições de
ensino superior mas apenas àquelas que têm saldos de gerência, para aplicar em dois aspetos que nos
preocupam a todos: o alojamento estudantil e a estabilidade do corpo docente e não docente das instituições
de ensino superior.
O alojamento estudantil é um problema sério, todos sabemos, em particular em regiões de grande pressão
populacional. As rendas pagas pelos estudantes deslocados, que não conseguem vaga em residências,
assumem verbas absolutamente inaceitáveis e são um custo pesado para as famílias. Naturalmente que esta
questão merece uma atenção particular desta Câmara e, portanto, relativamente à proposta que o PCP também
faz, vemos que a questão do mapeamento é algo extremamente importante e que deve ser feito.
A estabilidade do corpo dos trabalhadores, considerando em particular a missão das instituições de ensino
superior, o envelhecimento estrutural e a questão da precariedade, é uma preocupação legítima, embora
tenhamos grandes objeções às propostas feitas.
Para a avaliação podiam ser usados outros critérios, como, por exemplo, a adaptação de espaços inclusivos,
a criação de condições de sustentabilidade para ofertas não competitivas, etc.
A proposta que o Bloco faz não é nova.
Protestos do Deputado do BE Luís Monteiro.
Esta proposta foi feita em novembro e chumbada no âmbito do Orçamento do Estado. A questão não está
nas preocupações que, alegadamente, pretende resolver mas no facto de não as resolver e, sobretudo, na forma
como o pretende fazer.
O ataque aos saldos começou a ser feito, em primeira mão, pelo Ministro das Finanças em novembro, que,…
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — … não compreendendo que as instituições de ensino superior pudessem
autonomamente ter saldos para usar na sua gestão, pretendeu justificar o não cumprimento do acordo de
legislatura, assinado pelo Governo, pela existência de saldos, dizendo, muito simplesmente, que, se tinham
saldos, não precisavam que o Governo lhes transferisse os encargos salariais, até porque podiam dar jeito para
o deficit. Esta ideia de atacar quem tem saldos foi secundada, com alguns matizes diferentes, por outros
discursos populistas, com os quais não concordamos.
O ataque aos saldos tem dois problemas: primeiro, incentiva posturas despesistas para chegar ao fim do ano
sem saldos…
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — … e, segundo, ignora completamente o funcionamento das instituições de
ensino superior. Os saldos estão consignados a despesas, decorrem de projetos plurianuais, servem para fazer
o adiantamento de pagamentos.
Portanto, as instituições devem prestar contas relativamente aos saldos, nomeadamente quando há
acumulação excessiva, sem investimento? Sim! Mas o objetivo é que todos tenham saldos e atacar os saldos é
atacar a autonomia das universidades.
Votámos contra esta proposta em novembro e votaremos contra ela agora, porque contém uma armadilha
contra a autonomia universitária.