31 DE MARÇO DE 2018
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destas residências. Esta foi, aliás, uma das reivindicações trazidas à rua nos protestos dos estudantes realizados
em vários pontos do País na semana passada. A falta de camas em residências e a falta de residências nos
polos e nas escolas que supram as necessidades de alojamento são uma autêntica barreira à frequência do
ensino superior, e desengane-se quem pensa que este é um problema sentido só em Lisboa e Porto.
Assim sendo, propomos que seja feito um plano de requalificação e construção de residências, garantindo,
designadamente, que sejam construídas as residências, quando elas não existem na instituição de ensino
superior e quando a universidade ou o politécnico tenha faculdades ou escolas em diversos concelhos nos quais
não existam residências.
Para tal, aquilo que defendemos é que o Governo tem de assumir a sua responsabilidade de transferir
anualmente para as instituições as verbas necessárias para a manutenção, para a requalificação e para a
construção das residências.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco e o PCP trazem hoje
iniciativas sobre dois temas, residências universitárias e precariedade no ensino superior.
Começo pelo caso da precariedade. Há, neste momento, dois instrumentos do Governo para o combate à
precariedade no ensino superior, a Lei n.º 57/2017, de 19 de julho, do emprego científico, e a lei do PREVPAP.
Ambas foram discutidas detalhadamente no Parlamento, ambas foram aprovadas pelo Bloco e pelo PCP e
ambas estão a correr francamente mal, do ponto de vista dos resultados.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — O CDS também tem denunciado muitos problemas e tem procurado
contribuir para o esclarecimento das muitas questões que estes dois instrumentos levantam. Mas o que não faz
sentido é usar expedientes, como propõe o Bloco, para fingir que se está a resolver o problema, até porque,
com grande probabilidade, os artigos que o Bloco aqui propõe não terão qualquer consequência.
No caso do PCP, procura reabrir-se, lateralmente, o dossier da norma transitória nos politécnicos que, a
nosso ver e ao fim de mais de 10 anos, é já um assunto encerrado.
No caso das residências universitárias, a situação é diferente. Sabemos, sim, que há falta de residências em
algumas zonas, sabemos que, em Lisboa e no Porto, a pressão imobiliária tornou a situação mais aguda, mas,
na verdade, não há um mapeamento da situação total do País, nem da projeção para os próximos anos. Por
isso, concordamos com o PCP em que há aqui um problema, mas entendemos que há que o definir zona a
zona, em vez de criar soluções transversais. Nem soluções transversais nem centralizadoras, porque não
conseguimos compreender que sejam excluídas as câmaras municipais, que, seguramente, terão interesse e
um papel relevante nesta matéria.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Mas, sobretudo aqui, discordamos do Bloco e da forma como liga
excedentes nos saldos de gerência das instituições de ensino superior à oferta de residências.
Se as instituições têm saldos de gerência elevados, é legítimo que tenham de explicar porquê e onde
pretendem empregar esses excedentes. Mas não se pode criar um mecanismo destes que, no fundo, diz a quem
consegue gerir bem o seu orçamento que não terá autonomia para o usar como legitimamente entende ou,
então, que o Estado, depois, se irá apropriar do excedente gerado a cada ano e, ao mesmo tempo, sinaliza a
quem não gere bem que não tem penalização e, pelo contrário, receberá mais tarde apoios do Estado.
São os sinais errados e é um retrocesso na autonomia das instituições que, quanto muito, tem de ser sujeita
a uma mais eficaz prestação de contas.
Por estas razões, não acompanharemos os projetos hoje aqui apresentados.