I SÉRIE — NÚMERO 69
8
O Sr. Presidente: — Para intervir no debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Mano.
A Sr.ª MargaridaMano (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Caros Colegas
Deputados, temos todos a consciência de que a cultura, já há muito tempo, não ocupava um espaço tão central
na agenda parlamentar e mediática e, infelizmente, pelas piores razões: com intervenções críticas dos
profissionais, primeiro do cinema, depois das artes, com os resultados que se conhecem numa primeira fase,
sem a intervenção do Primeiro-Ministro, de concursos a extinguir o teatro — e merecem referência o Teatrão e
A Escola da Noite, em Coimbra, o Teatro das Beiras, na Covilhã, o Centro Dramático de Évora, o Teatro de
Animação de Setúbal, o Teatro Experimental de Cascais, o Teatro Experimental do Porto, as companhias Seiva
Trupe e Pé de Vento, o Festival Internacional de Marionetas e o Festival Internacional de Teatro de Expressão
Ibérica —, com a tomada de posições de municípios de norte a sul do País e com protestos marcados como os
de hoje em várias cidades do País.
O Sr. PedroPimpão (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª MargaridaMano (PSD): — Portanto, desde há dois anos, o Governo tem vindo a criar um problema,
com promessas e expectativas a que não soube corresponder — ou não foi competente para tal —, ignorando
as chamadas de atenção que os agentes foram fazendo.
A verdade é que a forte onda de contestação — tal como disse a Deputada Teresa Caeiro, as palavras de
Carlos Avilez «nunca como agora se fez um ataque grande ao teatro em Portugal» são fortes — ensombrou, no
passado dia 27, o Dia Mundial do Teatro.
Nem o facto de o Sr. Primeiro-Ministro ter sentido a necessidade de vir sucessivamente a público, primeiro
com o anúncio do reforço, depois apanhado de surpresa com a polémica e, finalmente, com uma carta de
compromisso escrita, serviu para tranquilizar um setor que está desiludido e em polvorosa.
Todos sabem que o orçamento da DGArtes (Direção-Geral das Artes) caiu de 2015 para 2016.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
A Sr.ª MargaridaMano (PSD): — Todos sabem que os números a que o Sr. Primeiro-Ministro chama de
factos comparam o que não pode ser comparado.
Todos sabem que o prometido não chega para repor o orçamento ao nível a que estava antes dos cortes
efetuados em 2010.
Aplausos do PSD.
Todos sabem que o Sr. Ministro não tem qualquer poder, porque, apesar de o País não estar intervencionado,
quem decide o orçamento para a cultura é o Ministro das Finanças e o Sr. Primeiro-Ministro.
Aplausos do PSD.
As questões que o PSD gostaria de colocar não se prendem com o orçamento mas com a avaliação política
que o Sr. Ministro faz relativamente a alguns princípios do novo modelo de apoio às artes que aprovou e fez
publicar.
Considera, ou não, o Sr. Ministro um erro, em termos de política cultural, o princípio consagrado de
concorrerem em conjunto, no mesmo programa e sem diferença de critérios, estruturas de acolhimento e
programação e estruturas de criação?
Considera, ou não, o Sr. Ministro que está pouco clara a definição de estruturas independentes, podendo os
teatros municipais, disfarçados, assumir indevidamente esse nome?
Considera ou não o Sr. Ministro um erro a total omissão da rede de cineteatros no modelo?
Com base em que critério do modelo, tal como ontem parece ter insinuado aqui o Sr. Primeiro-Ministro, em
algumas regiões do País há mais companhias excluídas pelo júri do que noutras?