I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. JorgeCampos (BE): — Sendo assim, queremos saber se os senhores estão disponíveis para, no
imediato, começarmos a trabalhar em conjunto de modo a atingirmos a meta de 1% do orçamento para a cultura.
Esta é outra questão fundamental.
Quanto aos Srs. Deputados das bancadas da direita, certamente que os ouviremos e que contaremos com
eles, mas não os levamos muito a sério com estas iniciativas que apresentaram justamente para cavalgar a
onda do descontentamento.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para intervir, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves.
O Sr. PedroDelgadoAlves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O primeiro ponto que podemos
sempre sublinhar nos debates que temos vindo a realizar sobre cultura é o de que todos, unanimemente,
estamos insatisfeitos com os valores mobilizados para o setor. Contudo, dizer isto não significa reconhecer que
hoje o principal défice neste debate seja orçamental ou de financiamento; hoje, o principal défice neste debate
é o de memória e de seriedade do CDS na forma como encara o debate e o coloca na agenda.
Aplausos do PS.
Falo precisamente de seriedade porque é importante sermos claros com o que estamos a discutir. E estamos
a discutir três coisas como se fossem a mesma: estamos a discutir o envelope financeiro, estamos a discutir o
regulamento do apoio às artes e estamos a discutir uma lista provisória que ainda pode ser objeto de correção.
Misturar três debates que são diferentes não é sério e não contribui para o esclarecimento das questões
relacionadas com esta matéria.
Aplausos do PS.
Diria mais: reiterar a ideia de que este é o maior ataque de sempre à cultura é um facto que não corresponde
à realidade dos números. Entre 2013 e 2016, havia um apoio no valor de 45,6 milhões de euros para o setor. O
valor que estava previsto na dotação inicial deste concurso era de 64 milhões de euros, um aumento de 41% —
repito, 41%! — das verbas disponíveis.
Aplausos do PS.
Mais: depois do aumento indicado pelo Sr. Primeiro-Ministro, este aumento de 2 milhões de euros anuais
passou a corresponder a um aumento de 59%. Repito: 59%!
Quando falamos de convergência, permitam-me discordar de algo que a Sr.ª Deputada Ana Mesquita há
pouco dizia. A convergência é convosco, a convergência continuará a ser convosco e a convergência traduz-se
no inverter de um ciclo.
Neste momento, o orador exibiu um gráfico.
Volto a abusar dos gráficos, à maneira da Prof.ª Assunção Cristas, para sublinhar que onde não houve
convergência foi nos anos da diminuição destes valores e onde há convergência agora é quando esta a seta
deste gráfico empurra para cima, quando sobe.
Aplausos do PS.
Mas o facto de estar a subir não significa que suba de um momento para o outro e que seja possível, também
de um dia para o outro, fazer a mobilização que todos gostaríamos. Tem sido possível fazer essa mobilização e
continuaremos empenhados em fazê-la.