I SÉRIE — NÚMERO 70
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Assim, entre dar a mão ao Governo ou dar a mão aos pensionistas, o
CDS escolhe neste debate dar a mão ao Governo para adiar a justiça que é preciso fazer aos pensionistas.
Aplausos do BE.
Protestos do PSD.
O Sr. Deputado veio aqui falar da honra do CDS e a Sr.ª Deputada do PSD veio falar da necessidade de uma
reforma estrutural, sólida e concertada da segurança social. Eu gostava de partilhar alguns casos sobre a
reforma sólida e estrutural do PSD e do CDS para a segurança social.
Um trabalhador com 49 anos e 100 dias de descontos que escreve-nos dizendo que «Depois de todas as
contas feitas, o que me revolta é que fiquei com uma pensão que é 60% do meu ordenado. Depois de uma
carreira contributiva de quase 50 anos ainda tinha de levar com o fator de sustentabilidade». Este é um dos
lesados do ex-Ministro Mota Soares que tem direito agora ao complemento solidário, que nós aprovámos.
Aplausos do BE.
Vozes do PSD: — Isso é para a bancada do PS!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mas tenho mais exemplos, tenho vários exemplos, Srs. Deputados.
Uma trabalhadora com 48 anos de descontos que, em função das regras do CDS e do PSD e da sua
preocupação com a reforma sólida, teve um corte de 266 € numa pensão de menos de 600 €. É esta a justiça e
a reforma estrutural da direita. Por isso, não nos admira que neste debate a direita escolha, mais uma vez, não
fazer justiça aos pensionistas, virar as costas aos pensionistas e impedir que os trabalhadores que querem
reformar-se o possam fazer sem penalizações.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, tratando-se, como se trata, de um agendamento
potestativo, da iniciativa do Bloco de Esquerda, chamo a atenção da Câmara para o facto de haver efetivamente
votação desta iniciativa no final do debate.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A proposta que o Bloco de
Esquerda hoje traz para discussão pretende eliminar a dupla penalização aos 63 anos de idade para os
pensionistas com longas carreiras contributivas.
Estamos, portanto, a falar de matérias que envolvem as pessoas que mais sentiram os efeitos das políticas
do anterior Governo, do Governo PSD/CDS.
De facto, se as famílias portuguesas, na sua generalidade, têm razões de sobra para se sentirem lesadas e
injustiçadas com a estratégia de empobrecimento imposta pelo anterior Governo, mais razões têm os
reformados e pensionistas, que foram os verdadeiros bombos de uma festa para a qual não foram, sequer,
convidados, nem foram tidos, nem achados.
Estamos a falar das políticas de austeridade e dos respetivos mordomos, que proclamavam ao mundo, a
inevitabilidade de ter que se cortar e penalizar os reformados e pensionistas, porque era preciso alimentar os
interesses da banca.
O resultado, para os reformados e pensionistas, não podia ser outro e era mais do que previsível: perda do
poder de compra, pobreza e exclusão social, porque, como sabemos, para o anterior Governo valia tudo.
Até as pensões a pagamento estiveram em risco; não fosse o Tribunal Constitucional colocar um travão a
tais pretensões do PSD e do CDS, até essas pensões seriam objeto de cortes. De facto, valia tudo para o anterior
Governo.