I SÉRIE — NÚMERO 70
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Ora, ao proceder a alterações de uma forma avulsa e centrada única e exclusivamente num fator, o Bloco de
Esquerda distorce ainda mais o sistema, retirando-lhe clareza e transparência e pondo em causa a confiança
dos cidadãos.
Protestos do Deputado do BE José Moura Soeiro.
O PSD não quer um sistema da segurança social em que a regra é a exceção que vai surgindo conforme os
interesses do momento — para uns, a proximidade das eleições; para outros, a necessidade de assegurar a
sustentabilidade do Governo.
O PSD há muito que defende uma reflexão descomplexada e sem uma pesada carga demagógica e
ideológica sobre a necessidade de se proceder a uma reforma estrutural da segurança social, em vez de,
conforme os interesses do momento e de forma avulsa, deitarem remendos novos em pano velho, pois «ninguém
deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste e faz-se maior a
rutura».
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Nesse sentido, o PSD apresentou uma proposta para a
constituição de uma comissão eventual para estudar e promover uma reforma do sistema público de segurança
social português, proposta que os partidos da governação rejeitaram. O PS teria tido uma belíssima oportunidade
para agora mandar fazer o estudo sobre o financiamento e o custo desta medida!
Aplausos do PSD.
Hoje, com este debate, fica mais do que nunca provado que a proposta apresentada pelo PSD se justificava
e continua a justificar-se. Tanto mais que, se a iniciativa que apresentámos tivesse sido aprovada e
implementada, as conclusões e as propostas já estariam disponíveis.
Sr.as e Srs. Deputados, o PSD considera que os portugueses têm tudo a ganhar com uma reforma da
segurança social que não seja apenas cosmética e pontual, mas que seja uma verdadeira mudança de
paradigma.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Uma reformaque dê resposta ao enorme desafio que se coloca
à sociedade portuguesa com a necessidade de adequar o sistema de pensões à realidade demográfica,
económica e financeira, garantindo a sua sustentabilidade financeira e social.
Uma reformaque tenha em consideração que vivemos um tempo de profundas e rápidas mudanças,quer
ao nível da organização do trabalho, quer nos métodos de produção das empresas e instituições, e que tenderão
a ser cada vez mais intensas e profundas.
Uma reformaque tenha em consideração os impactos decorrentes dos avanços da digitalização e da
robótica,em que cada vez mais as empresas com muita mão de obra passam a dar lugar a empresas de capital
intensivo.
Uma reforma que tenha em consideração a necessidade de garantir a sustentabilidade financeira do sistema
a longo prazo.
Uma reforma que equacione, sem preconceitos e com visão de longo prazo, as fontes de receita da
segurança social.
Uma reformaque tenha em consideração os níveis de penosidade e de desgaste de muitas profissões e que
introduza critérios rigorosos, com equidade e transparência na definição das profissões de desgaste rápido,em
vez de legislar de forma avulsa e sem rigor.
Uma reforma que envolva a participação dos parceiros sociais, do mundo académico e científico e da
sociedade civil em geral, porque a todos diz respeito.