12 DE ABRIL DE 2018
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Felizmente, neste caso, podemos dizer que a culpa acabou por não morrer solteira porque, na verdade, os
portugueses acabaram por colocar esses partidos longe do Governo. E ainda bem!
Ainda bem porque, senão, ao invés de estarmos a discutir devoluções, continuaríamos, certamente, a discutir
cortes e mais cortes; e ainda bem que a solução encontrada à esquerda procurou inverter o caminho seguido
pela direita e assumiu como desígnio maior a devolução de direitos e a recuperação de rendimentos das pessoas
e, portanto, também dos pensionistas e reformados.
Falamos de rendimentos e direitos que, recorde-se, haviam sido retirados por imposição do Governo anterior
ou na sequência das políticas de austeridade que o Governo anterior encarou e abraçou como se fosse um
dogma, como se de um dogma se tratasse. E, por mais que custe a alguns, a verdade é que esse caminho está
a ser feito.
Por isso, nesta matéria, teremos de valorizar, nomeadamente, o regresso da lei sobre o aumento anual das
pensões ou os aumentos extraordinários que as pensões agora conhecem.
Mas ao mesmo tempo, também temos de dizer que não chega e não chega, desde logo, porque as injustiças
não foram todas reparadas.
Neste universo de injustiças estão, desde logo, as pessoas com longas carreiras contributivas que continuam
a sofrer sentidas penalizações.
De facto, como todos nos lembramos, o anterior Governo também agravou as penalizações, no que diz
respeito às reformas antecipadas, e agravou-as em duas frentes: pela via do aumento da idade legal de reforma
e também pela via das alterações relativamente ao fator de sustentabilidade.
Ora, se é verdade que já foram dados passos no sentido de remover estas injustiças, nomeadamente desde
outubro do ano passado, para as pessoas que tenham 60 anos de idade ou mais e 48 anos de descontos e
solicitem a reforma antecipada, também é verdade que a concretização do plano anunciado pelo próprio
Governo continua sem ver a luz do dia. Em causa está não só a eliminação do fator de sustentabilidade como
também a manutenção do corte de 0,5% para quem pediu a reforma com 63 anos de idade ou mais e tivesse
aos 60 anos pelo menos 40 anos de descontos.
Recorde-se que estas regras, segundo o próprio Governo, deveriam entrar em vigor no início deste ano.
Estamos em abril e sobre esta matéria ainda não vemos luz ao fundo do túnel.
Sucede que quanto mais tempo demorar a concretização deste plano, mais tempo se mantém a injustiça
para milhares e milhares de reformados que permanecem sujeitos a penalizações absolutamente injustas.
É, portanto, necessário que as pessoas com longas carreiras contributivas deixem de estar sujeitas a este
longo pesadelo.
Assim, Os Verdes, também por isso, acompanham as preocupações levantadas na proposta em discussão,
até porque nos parece que o Governo vai deixando de ter margem para dizer que não há margem orçamental
para estas e outras medidas de justiça social.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, é com alguma perplexidade que vos anuncio que não
há mais inscrições.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Estão à espera da reforma!
Pausa.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Os Srs. Deputados estão à espera de me interromperem no momento
em que for dar o debate por encerrado.
Pausa.
Antes de dar a palavra à Sr.ª Deputada Diana Ferreira, para uma intervenção, peço aos outros grupos
parlamentares que queiram participar no debate o favor de se inscreverem até ao final da intervenção da Sr.ª
Deputada Diana Ferreira.