I SÉRIE — NÚMERO 72
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Finalmente, o PS veio juntar-se ao CDS para recomendar que seja feito um portal. Esperamos que o faça
agora e que o Governo, a partir desta iniciativa, legisle e compile num portal toda a informação relativa às
florestas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Queria deixar uma nota final relativamente a algumas iniciativas.
Tendo em conta aquilo que já afirmei no que respeita à dispersão legislativa, nomeadamente as propostas
de alteração do Decreto-Lei n.º 124/2006 que o PCP aqui propõe, não obstante fazerem sentido, parece-nos
que se deveria ter alguma estabilidade e pensar em reformular todo o sistema — aliás, como o PSD propõe —
logo no final da campanha de incêndios para que, finamente, possa haver alguma estabilidade em relação às
medidas que os produtores florestais têm, porque a floresta merece paz, merece estabilidade, para que os
produtores tenham alguma rentabilidade da sua floresta e possam, finalmente, atuar como deve ser.
Aproveito para lamentar que todas as propostas que o CDS aqui apresentou e que dizem respeito aos
benefícios fiscais para os produtores florestais ou às deduções à coleta que os pequenos proprietários poderiam
ter como benefício, como incentivo, para limparem as suas florestas tenham sido sistematicamente chumbadas
nesta Casa pelos partidos da esquerda — PCP, Bloco de Esquerda, Os Verdes e também pelo PS. Foi uma
excelente oportunidade que perderam de dar um apoio efetivo aos pequenos proprietários do centro e do norte
do País.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — É agora a vez de o Sr. Deputado Jorge Machado, do PCP, fazer uma
intervenção.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A realidade dramática que vivemos com os
incêndios do verão e do outono de 2017 obriga à reflexão, ponderação e adoção de medidas concretas que
melhorem o nosso sistema de proteção civil.
Contudo, não podemos deixar de lembrar que o atual modelo conceptual e jurídico do sistema de proteção
civil foi consagrado em 2007, após os trágicos incêndios de 2003 e de 2005, e hoje, passados mais de 10 anos
sem qualquer avaliação intermédia do sistema, estamos, por intenção manifestada pelo Governo, a discutir uma
nova alteração do modelo conceptual.
Não fugimos à discussão e, por isso mesmo, apresentamos uma iniciativa legislativa, mas não podemos
deixar de referir que a discussão sobre a proteção civil que temos e a proteção civil que queremos para o nosso
País não pode estar refém nem de calendários mediáticos nem pode ser discutida à margem dos agentes de
proteção civil.
Assim, qualquer alteração do modelo conceptual de proteção civil não pode deixar de ouvir os principais
agentes de proteção civil do nosso País, que são os bombeiros, e não pode nem deve ser aplicada na altura
mais crítica de incêndios.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tendo em conta não só os relatórios apresentados após os trágicos
incêndios de 2017, mas também as opiniões recolhidas nas audições que promovemos, o Grupo Parlamentar
do PCP entende que urge uma profunda alteração do modelo de proteção civil e por isso apresentamos um
projeto de resolução com 20 medidas para uma nova política de proteção civil.
A primeira e, se calhar, mais importante medida é que a reestruturação do modelo de proteção civil tem de
ser efetivamente participado e ter em conta a opinião de todos os agentes de proteção civil e da população em
geral por via de um debate público. Qualquer alteração do modelo feita em gabinetes sem o contributo e a
valorização dos bombeiros portugueses é o caminho para o desastre.
A proteção civil deve ser considerada como parte integrante dos diferentes instrumentos de planeamento e
ordenamento do território.
O sistema de proteção civil, sua estrutura e agentes, deve estar dotada dos meios e recursos, técnicos,
financeiros e humanos suficientes para as missões que desempenham.