I SÉRIE — NÚMERO 72
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última que se liga com o combate. Nenhuma delas pode — e sublinho «pode» — ou deve ser esquecida em
alguma circunstância.
A ideia que fica, no final deste debate, é a de que o que aconteceu no ano passado já é claro, está estudado,
existem relatórios, foram apuradas responsabilidades e o que está a acontecer neste ano — ou, melhor, o que
ainda não está a acontecer — é, naturalmente, fundamento de clara preocupação.
Em relação a isso, constatámos, de uma forma clara, que existem três abordagens: a abordagem do Governo
e do Partido Socialista, que querem falar de prevenção, que querem falar de propaganda — tal como o Primeiro-
Ministro, ao utilizar 6 minutos e 47 segundos numa ação de limpeza da floresta, e o Ministro da Administração
Interna, que dizem que estão a trabalhar na prevenção e que o que interessa é a prevenção e mais nada; há a
abordagem, que ainda agora ouvimos, daqueles que querem falar de tudo o que está para trás, dos últimos 30
anos, e que, no limite dos limites, o que interessa sempre é fazer um exercício de facciosismo ideológico para
dizer que a culpa é da direita e para não assumir responsabilidades nenhumas, nem resolver coisa nenhuma;
por último, há a abordagem que pensamos ser a mais séria, que é a atitude construtiva de quem quer fazer
propostas, de quem lê os relatórios, de quem acha que os relatórios valeram a pena e que, a partir deles, muito
pode ser feito.
Como aqui foi dito, e é verdade, o Sr. Ministro da Administração Interna, mais uma vez, procurou enganar-
nos, não respondeu a nada, não respondeu às perguntas sobre os meios aéreos e sobre o SIRESP (Sistema
Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), não respondeu à questão da diretiva operacional,
mas, depois, quis dar a ideia de que tudo estaria a ser tratado. Mas não vou sequer referir-me a isso, vou referir-
me, sim — e chamo a vossa atenção, Sr.as e Srs. Deputados —, a declarações recentes do Sr. Ministro.
Há três ou quatro dias, o Sr. Ministro da Administração Interna, de visita a Pedrógão, disse — e cito — o
seguinte: «Não vale a pena fazer relatórios, nem vale a pena discutir leis». Ou seja, Sr.as e Srs. Deputados, em
particular os Srs. Deputados dos partidos que apoiam o Governo, o Sr. Ministro acha que o que estamos todos
a fazer hoje é uma inutilidade, porque, para ele, não vale a pena ler os relatórios e também não vale a pena
fazer leis.
Aplausos do CDS-PP.
É absolutamente inaceitável e é mais uma demonstração daquele que tem sido um exercício permanente de
incapacidade e de incompetência.
Este Governo e este Ministro em particular têm alguns tiques daquilo que, no passado, ficou como conhecido
como «socratismo», ou seja, chegam aqui e dizem que está tudo feito, que há meios aéreos e que há diretiva
operacional e, depois, lá fora, dizem que não é bem assim. Normalmente, a verdade fica perdida algures. O
Governo tem, de facto, um problema com a verdade.
Srs. Deputados, o CDS leu o relatório, donde se pode constar, clarissimamente, que deveria existir uma
unidade de missão para resolver a questão dos bombeiros, para tratar da quadrícula, para tratar da organização
e do comando, para tratar das carreiras, para tratar do financiamento.
O relatório da Comissão Técnica Independente — a criação desta Comissão foi, aliás, iniciativa da
Assembleia, mais concretamente do PSD, tendo-se, depois, juntado outros partidos e, inclusive, o CDS — é
muito claro: deve haver uma unidade de missão. E é essa a proposta que fazemos.
O sentido de voto dos Srs. Deputados dirá se querem uma unidade de missão, se querem outro relatório, se
querem respeitar o que está no relatório, se consideram que não é preciso fazer nada — essa tem sido a postura
do Governo, que nos dá a ideia de que ou temos sorte com o tempo ou a incompetência pode voltar a ser fatal.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, chegámos ao fim deste debate.
Vamos entrar no período regimental de votações.
Pausa.
Antes de procedermos à verificação do quórum, o Sr. Secretário Duarte Pacheco vai dar conta de expediente.