I SÉRIE — NÚMERO 74
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a Lei das Quotas ou a Lei da Paridade, trouxe avanços razoavelmente conseguidos. E o PSD, para que não
haja dúvidas nenhumas, é absolutamente favorável à participação de homens e mulheres, dos dois géneros, na
vida política e na vida pública, sabendo que o mérito não é incompatível com as regras da paridade.
A melhor prova desses avanços é a de que o Parlamento, este Parlamento, tem atualmente uma
representatividade de cerca de 34% de mulheres.
Mas o Governo, que hoje aqui se quer arvorar como um bom professor, deixe-me dizer-lhe, Sr.ª Ministra,
está a ser um péssimo aluno. E está a ser um péssimo aluno, porque, em 18 ministros, Primeiro-Ministro incluído,
tem apenas três mulheres, ou seja, 16% de representação feminina.
Aplausos do PSD.
É de uma enorme hipocrisia política que os senhores queiram para os outros aquilo que não praticam na
vossa casa.
Aplausos do PSD.
E, Sr.ª Ministra, nós estamos perfeitamente à vontade para discutir regras de paridade e de igualdade de
género, porque o PSD foi o primeiro partido que indicou para Presidente da Assembleia da República uma
mulher…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Por acaso, por acaso! Primeiro propuseram um homem! É bom
lembrar.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — … e foi o primeiro partido, dos grandes partidos deste País, que teve como
líder uma mulher.
Por isso, Sr.ª Ministra, acho que o Conselho de Ministros que aprovou esta iniciativa devia, por estas razões,
corar de vergonha, porque se apresenta aqui com metade da representatividade da Casa que quer que aprove
o dobro daquilo que pratica.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Exatamente!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr.ª Ministra, estas regras da paridade são úteis, e são aceites, só que há
cinco questões que era importante que o Governo e todos os partidos equacionassem e reponderassem
devidamente na fase da especialidade.
Em primeiro lugar, era importante saber-se por que é que nos dois primeiros lugares se exige uma paridade
de 50% e do segundo lugar para baixo é só de 40%. Por que é que não é tudo a 50% ou tudo a 40%? Esta é
uma questão.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — É mais uma etapa!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Segunda questão: o prazo da entrada em vigor desta legislação respeita a
adaptação e a preparação que, nomeadamente, os pequenos municípios têm de fazer para adequar a sua
realidade àquilo que é a nova lei?
Terceira questão: é ou não necessária uma graduação relativamente a tipologias de municípios? É justo que,
para uma freguesia que tem 200 eleitores, se imponham as mesmas regras que se impõem a uma freguesia
que tem 20 000 eleitores?!
Aplausos de Deputados do PSD.
Quarta questão: a cominação para os incumpridores é hoje, com estas propostas, sancionada com uma
duvidosa regra de rejeição da lista. É preciso ponderar isto, porque há meios menos graves.