I SÉRIE — NÚMERO 77
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empresariais e equilibre a despesa pública com investimentos ecologicamente sustentáveis e de longo prazo.
Este modelo deverá também garantir mais tempo para a família e para o lazer, respeito intergeracional e uma
melhor coesão territorial. Em Bruxelas, devemos reforçar a fraternidade e a equidade no seio da União Europeia
e rejeitar todos e quaisquer atos que promovam agressões ou fomentem guerras. A transição faz-se apostando
e investindo na cultura da não-violência.
Apostar nas pessoas, para além dos discursos gastos de cariz puramente ideológico, é mostrar-lhes
alternativas, é dar-lhes informação e formação para que possam fazer apreciações críticas da realidade e, acima
de tudo, é dar-lhes exemplos sobre como é possível harmonizar o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal, a
sustentabilidade ambiental, o bem-estar e a dignidade dos outros povos e a proteção de todas as outras formas
de vida.
Termino com uma palavra de enorme gratidão aos Capitães de Abril, por, naquela madrugada, terem sido o
nosso cais e nos terem feito mudar de linha. Muito obrigado!
Aplausos do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Grupo Parlamentar de Os Verdes,
tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr. Presidente do Supremo Tribunal de Justiça,
Sr. Presidente do Tribunal Constitucional, Sr.as e Srs. Deputados, Valorosos Capitães de Abril, Sr.as e Srs.
Convidados:
Voltamos hoje a falar de Abril. E voltamos a falar de Abril não apenas para evocar essa madrugada mas
também para reafirmar a necessidade de não perdermos de vista os valores e os sonhos que Abril nos prometeu.
Voltamos hoje a falar do dia que todos os dias devia estar presente nas decisões que interferem nos nossos
destinos coletivos, na vida das pessoas e na sustentabilidade dos nossos recursos.
E voltamos a falar de Abril porque Abril nos trouxe a liberdade, a democracia, as preocupações com a justiça
social, com o combate à pobreza, com a necessidade de preservar os recursos ambientais e porque nos trouxe
também a paz.
Por isso mesmo, aos militares de Abril, que nesse dia saíram dos quartéis, impedindo que, em noites escuras
ou em dias assim, a morte continuasse a sair à rua silenciando quem não pactuasse com o fascismo, mas
também a todas as mulheres e a todos os homens que acreditaram num País livre e, percebendo que o País
mais parecia o «bairro negro», onde não havendo «pão» não podia haver «sossego», lutaram, tantas vezes com
o preço das suas vidas, para sacudir o destino do País e dos portugueses. A uns e a outras a nossa mais
calorosa saudação e reconhecimento por tudo quanto Abril nos trouxe, prometeu e permitiu sonhar.
Aplausos de Os Verdes, do PS, do PCP e do BE.
Mas hoje voltamos a falar de Abril porque Abril também nos trouxe a paz.
Por isso mesmo, continuamos sem compreender a posição assumida pelo nosso País relativamente aos
recentes bombardeamentos à Síria por parte dos Estados Unidos da América, do Reino Unido e da França. Não
vemos nem razão nem oportunidade neste bombardeamento. Operações desta natureza são sempre
desprovidas de razão, ainda por cima à margem das Nações Unidas e em claro confronto com o direito
internacional. Se nada está provado e quando o bombardeamento ocorre exatamente antes de a Organização
para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) começar o seu trabalho de investigação, teremos mesmo de
questionar essa oportunidade.
Oportuno, com toda a razão, em sintonia com o direito internacional, e até por respeito às resoluções desta
Assembleia, seria se o Governo se envolvesse ativamente no reconhecimento do Estado da Palestina como
forma de contribuir para a paz no mundo. Isso, sim, seria oportuno. Isso, sim, teria razão.
Mas voltamos hoje a falar de Abril porque Abril é também uma lição.
De facto, a adesão imediata dos portugueses à Revolução dos Cravos só é explicável porque os ideais de
Abril estavam e estão em perfeita sintonia com os interesses dos portugueses. A Revolução de Abril é, assim,