I SÉRIE — NÚMERO 77
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Com lealdade, o CDS sempre afirmou não reconhecer autoridade aos que se assumem, de novo, hoje,
proprietários do 25 de Abril.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
A democracia é nossa e deve ser de todos, dos que a construíram e de todos os que nela vivem, senão não
se chama democracia.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — A liberdade não tem nem pode ter tutela. Por isso, não confiámos ao
Estado da altura o papel de fazer surgir um homem novo, como não confiamos ainda hoje, porque é a liberdade
que nos faz cidadãos e nos coloca como pessoas, com direitos e deveres, face ao poder político, seja em
Portugal, seja na União Europeia, onde somos construtores de um projeto comum de coesão e solidariedade:
um País que respeite a escolha de cada um e uma Europa que acolha a soberania de cada país. É por isso que
rejeitar novos impostos europeus é, hoje, garantir a nossa soberania e a nossa liberdade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Garantir a nossa liberdade significa protegê-la.
Se a ganhámos a um regime autoritarista, temos hoje de a defender da tirania das boas intenções, que
impede a escolha na educação e na saúde e faz das pessoas danos colaterais de uma ideologia, que proclama
a defesa do Estado social mas depaupera os hospitais, não investe na escola pública e desvaloriza as forças
de segurança, que sugere a apropriação da propriedade privada, ignorando que se trata de um direito
constitucional, que questiona o fim da vida e, assim, o seu valor, em vez de garantir a todos os cuidados que
dignificam cada um, que decide sobre a vida das pessoas sem pensar em todas as consequências, algumas até
consideradas inconstitucionais.
Aplausos do CDS-PP.
Essa tirania das boas intenções, que resiste à iniciativa privada mesmo quando esta se conjuga e promove
o interesse público, que anuncia que dá com uma mão e esconde que tira com a outra, que exige aos cidadãos
obrigações mais severas que ao Estado, controlando em vez de confiar, é tirania porque impõe uma visão, inibe
a escolha e desvaloriza o contraditório.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro: No dia 25 de Abril de 2018, nos 44 anos do Estado democrático, temos a
obrigação de lembrar os incêndios. Lembrá-los não apenas pela memória da tragédia, o que seria justo, lembrá-
los não apenas pela homenagem aos mortos, o que seria correto, mas lembrá-los porque não podemos
comemorar a democracia se esta não significar o mesmo para todos os portugueses.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Estado democrático falhou às pessoas que não soube proteger nem socorrer, às comunidades que ficaram
sozinhas a combater os incêndios, às famílias que ficaram isoladas no centro do País. Democracia é dar
garantias a todos, porque todos valemos o mesmo, vivamos numa cidade cosmopolita ou numa aldeia do interior.
A nossa liberdade, como portugueses, só é verdadeira se o for para todos, se existir para todos. E a verdade é
que, 44 anos depois, Abril falhou em junho e falhou em outubro.
Sr.as e Srs. Deputados: No dia 25 de Abril, reunimos de forma diferente de todos os outros dias neste
Hemiciclo. Hoje, há uma evocação, um apelo a fazer sair do passado alguma coisa de novo, a atualizar o sentido