26 DE ABRIL DE 2018
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Abril, e não pelas contas de uma folha de Excel, porque as contas que importa acertar atingem-se não pela lente
dos tratados orçamentais, mas com uma economia que funcione para todos e não apenas para uns poucos.
Da educação à habitação, da justiça ao trabalho, tudo o que falta conquistar cabe-nos a nós colocar na
agenda política. Caberá tudo isto num Orçamento? Não, mas certamente passa por ele. E será que agrada ao
Eurogrupo? Provavelmente também não, mas Abril nunca rimou com Eurogrupo.
Aplausos do BE.
Não foi Abril que nos desiludiu, é a caricatura que dele quiseram fazer que rejeitamos. A geração dos filhos
e das filhas de Abril reafirma os valores por que tantos neste País lutaram, fazendo da nossa luta a nossa
homenagem.
Sabemos do caminho feito e sabemos do caminho a fazer. Sabemos que vivemos num País que, mesmo
com todas as contradições, é outro e é melhor, porque somos devedores de Abril de 74 e de todas as lutas da
emancipação. Essa dívida é a nossa responsabilidade de fazer melhor, de não fechar os olhos, de recusar a
conformação com o que falta ou a naturalização dos recuos.
Somos daqui e somos do mundo. Crescemos na sombra da «flor do partigiano», com as «rosas» que floriram
«na curva da estrada» deste País.
Viva o 25 de Abril!
Aplausos do BE, de Os Verdes, do PAN e de Deputados do PS e do PCP.
O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Grupo Parlamentar do PS, tem a
palavra a Sr.ª Deputada Elza Pais.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.
Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Srs. Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal
Constitucional, Altos Dignitários Civis e Militares, Capitães de Abril, Sr.as e Srs. Deputados, Portuguesas e
Portugueses:
Celebrar Abril é celebrar a liberdade, aquela «madrugada» esperada, «o dia inicial inteiro e limpo» de que
Sophia nos falava.
Celebrar Abril é celebrar a igualdade, esse nobre princípio constitucional, para que ninguém fique para trás
e acabar com sofrimento humano causado por discriminações intoleráveis.
É celebrar a liberdade de mudar e de decidir e escolher os destinos do País.
É recordar vidas de luta e de resistência.
É recordar as mulheres que viveram pela liberdade, tantas vezes esquecidas pela História, mas que
estiverem sempre lá, em momentos únicos e decisivos.
Aplausos do PS e de Deputados do BE.
Discursaram, aderiram a causas, correram riscos, foram condenadas, sofreram incompreensões, injúrias e
agressões, mas lutaram sempre, sempre, pela emancipação, pela educação e pela liberdade.
Celebrar Abril é manter bem viva a memória e os legados de Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher
portuguesa, pioneira na Europa, a conquistar o direito ao voto.
É recordar Maria Lamas e As Mulheres do meu País.
É lembrar as três Marias e as Novas Cartas Portuguesas, censuradas por terem conteúdos atentatórios da
moral pública e só não jugadas porque Abril aconteceu.
É manter bem viva a memória de Maria Barroso e esses momentos em que, através da poesia dita, exercia
«a denúncia e a participação».
Aplausos do PS, de Deputados do BE e da Deputada do PSD Teresa Leal Coelho.