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I SÉRIE — NÚMERO 77

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Os sacrifícios destas mulheres não, não foram em vão! Não consigo imaginar o que seria querer o divórcio e

não o conseguir, querer sair do País e ter de pedir autorização ao marido, querer ser magistrada ou diplomata

e ser impedida pelo Estado. Não, não consigo imaginar o mundo que amordaçou as nossas mães e as fez viver

debaixo da tutela do Estado e do marido, sem direitos e sem liberdade.

Hoje, o que nos faz falar, uma e outra vez, nesta data não é haver nada de novo para dizer, é, sim, haver

gente nova a quem o dizer. É importante que as jovens e os jovens saibam o que andámos para aqui chegar,

saibam as batalhas duras, de resistência, das nossas mães e dos nossos pais, em que, muitas vezes, se jogava

tudo ou nada.

Celebrar Abril é homenagear os Capitães de Abril, de Salgueiro Maia a Vasco Lourenço, que saúdo, por

terem feito o sonho acontecer.

Aplausos do PS e de Deputados do BE.

E é em nome do meu partido, em nome das mulheres e dos homens do meu Grupo Parlamentar, das

socialistas e dos socialistas portugueses que urge, hoje e sempre, dizer-vos: obrigada, obrigada, obrigada!

Aplausos do PS.

Sr.as e Srs. Deputados: Nasci na ditadura, mas tornei-me mulher em liberdade. Foi em Abril que aprendi o

significado dos valores e da ética, a riqueza da diversidade e das opções políticas que nos oprimem ou nos

libertam.

Ao longo da minha vida, aprendi o valor da liberdade e o preço da não subjugação, aprendi a fazer pontes e

convergências, aprendi que as oportunidades no feminino são bem mais escassas que no masculino e aprendi

o doloroso preço da sua conquista.

Foi há pouco mais de 10 anos que garantimos que nenhuma mulher seria presa quando decidisse, em

liberdade, interromper uma gravidez não desejada.

Foi recentemente, já com esta composição parlamentar, que impedimos o retrocesso dessa lei libertadora,

que garantimos que todas as mulheres, sem qualquer restrição, tivessem acesso à procriação medicamente

assistida e que garantimos igual dignidade legal à heteroparentalidade e à homoparentalidade.

Aplausos do PS e do BE.

Foi agora, neste ano, em Abril, que aprovámos, nesta Casa, com convergências diversas de vontades, leis

civilizacionais contra o sofrimento humano e leis que irão quebrar o teto de vidro que impede as mulheres de

chegarem aos lugares de topo, aos lugares de poder, onde, afinal e realmente, se decide.

As mulheres são pioneiras na ciência e na matemática, são artistas, escritoras e cineastas e não precisam

de favores, como disse o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres; precisam,

sim, que os seus direitos sejam cumpridos.

Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, os portugueses e as portuguesas encontram no Governo do seu País uma

inquestionável vontade de corrigir as desigualdades e de recuperar a esperança, um caminho de crescimento e

confiança e de convergência com a Europa.

Assistimos, hoje, à maior criação de emprego dos últimos 19 anos. As famílias viram os seus rendimentos

crescer nos dois últimos anos. Há hoje menos 80 000 pessoas em situação de pobreza. Vivemos uma nova

realidade porque decidimos pôr fim à austeridade. As nossas crianças e os nossos jovens abandonam hoje

menos a escola e o acesso ao ensino superior está, hoje, mais democratizado.

Sou mãe de um jovem arquiteto, uma profissão que emergiu em Abril e que foi gravemente afetada pela

crise. Os seus amigos, o João, da Guarda, a Maria, de Caminha, o Luís, de Mirandela, e a Filipa, de S. Miguel,

foram forçados a emigrar, mas todos e todas resistiram, e ele próprio resistiu, porque ama o nosso sol, ama o

nosso mar e a aldeia, em Mangualde, onde ainda vive a sua avó, com 95 anos.

Portugal tem hoje mais condições para projetar realidades novas do conhecimento, da ciência, dos direitos

e da cidadania para influenciar o mundo. Portugal foi e pode ser uma força de esperança e de futuro.