I SÉRIE — NÚMERO 77
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As novas gerações olham, por isso, com gratidão para o que as gerações que nos precederam nos deram:
a elas, a muitos de vós, se deve o sistema educativo, o Serviço Nacional de Saúde e a independência da justiça
como existem e tantas outras conquistas nas mais diversas áreas da governação.
Nós, os mais novos, temos tido, desde que nascemos, acesso a oportunidades com que as gerações
anteriores apenas puderam sonhar. Somos, por isso, o produto de um Portugal sonhado.
O facto de a minha geração ter nascido e sempre ter vivido em liberdade não significa que prescinda de
defender essa liberdade ou que esqueça que o nosso País nem sempre a teve. Porque a liberdade funda-se
num dia mas não se constrói numa noite, recupera-se numa data mas conquista-se todos os dias e tem de ser
conquistada e reconquistada e reconquistada todos os dias.
Aplausos do PSD e de Deputados do PS e do CDS-PP.
Uma liberdade que é minha, que é tua, que é nossa.
É do Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, que eu aqui cumprimento, e que pôde ver o seu partido sair da
clandestinidade e entrar num Parlamento eleito pelo povo.
É da Sr.ª Deputada Catarina Martins, que eu aqui cumprimento, e que nunca teve de encenar uma peça
censurada a «lápis azul».
É do Sr. Deputado Carlos César, que eu aqui cumprimento, e do Partido Socialista, que nesse dia pôde ver
os seus fundadores regressar a casa.
É da Sr.ª Deputada Assunção Cristas, que eu aqui cumprimento, e que pôde ser mãe de família e ter uma
vida profissional de sucesso também por causa desse dia.
E é do meu partido, do Partido Social Democrata, que, fundado no dealbar da democracia, nunca mais largou
o sonho de reformar Portugal, para melhor, para amanhã, para futuro.
Aplausos do PSD
É do Dr. Rui Rio, que aqui cumprimento, e que pôde ser dirigente estudantil em liberdade também por causa
desse dia.
É de todas as mulheres, a quem aqui presto os meus cumprimentos, para quem Abril significou um passo
largo na direção da igualdade entre homens e mulheres através da efetivação do direito ao voto ou à liberdade
de movimentos, entre muitas outras conquistas.
Há muito por fazer e o povo português espera e reclama de cada responsável político que se faça mais, que
se faça melhor.
Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República: A política portuguesa tem-se
fragmentado cada vez mais, numa repetição de divisões entre o nós e o eles. Nós, os políticos, e eles, o povo;
ou nós, o povo, e eles, os políticos; nós, os jovens, e eles, os mais velhos; os da capital e os do resto do País;
os do interior e os do litoral; os da cidade e os do campo; os da Madeira ou dos Açores e os do Continente; os
do nosso partido e os dos outros partidos.
A política e a democracia não podem continuar a alimentar estas divisões. A atividade parlamentar não é um
campeonato onde os nossos ganham ou perdem e as vitórias de uns são as derrotas de outros.
Aplausos do PSD e de Deputados do PS.
A atividade parlamentar tem de exigir que as pessoas ganhem, que o País ganhe, porque, demasiadas vezes,
para que os partidos ganhem, são as pessoas que perdem. E digo sem rodeios: há assuntos em que não
ouvimos suficientemente o que o povo reclama.
É talvez o mais central desses assuntos o combate à corrupção e a defesa do Estado e do erário público da
captura por interesses particulares.
Vozes do PSD: — Muito bem!