I SÉRIE — NÚMERO 80
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A Sr.ª RitaRato (PCP): — Muito bem!
O Sr. JorgeMachado (PCP): — Andaram a destruir o Estado e a capacidade de resolver os problemas das
pessoas e agora dizem «ai, ai, ai, que o Estado cá não está». Ó Sr. Deputado, deveria ter um pouco mais de
vergonha quando faz esse tipo de intervenção.
Dito isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, entendemos que é preciso resolver o problema, mas, embora
estando de acordo com a identificação do problema, isto é, o tempo de espera na atribuição destas pensões,
não podemos deixar de referir que a atribuição de uma pensão provisória terá, necessariamente, implicações
que podem ser desajustadas com o fim que queremos prosseguir. Isto é, a atribuição de uma pensão provisória
pode implicar, num curto espaço de tempo, a devolução de montantes à Caixa Geral de Aposentações, o que
coloca a viúva ou o viúvo da pensão de sangue numa situação extremamente delicada do ponto de vista social.
Portanto, nós não partilhamos o caminho que aqui está a ser identificado como a solução para o problema.
Melhor seria se tivéssemos mais capacidade de intervenção na Caixa Geral de Aposentações para que o
processo burocrático e as diligências fossem feitas atempadamente, de modo a que não tivéssemos este tempo
de espera para a atribuição deste tipo de pensões no nosso País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Vasconcelos,
do Bloco de Esquerda.
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda concorda, na generalidade, com o projeto de resolução apresentado pelo PSD para que se crie um
mecanismo legal para atribuição, de forma rápida, pelo Estado de uma pensão de sangue provisória aos
familiares de bombeiros, militares e de outras forças de segurança ao serviço do País até à conclusão definitiva
e regular do processo.
Esta recomendação vem no seguimento de, quase um ano depois de um militar português ao serviço de uma
missão da União Europeia no Mali ter sido morto por forças rebeldes, os seus familiares ainda não terem
recebido a chamada «pensão do preço de sangue».
O Bloco de Esquerda lamenta profundamente esta morte, a qual não devia ter acontecido.
Também não deixa de ser incompreensível e muito lamentável que o Estado, envolto nas teias da burocracia,
ainda não tenha atribuído a pensão devida à família, uma vez que, no próximo mês de junho, vai fazer um ano
em que ocorreu a morte deste militar.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Refira-se que o Mali é um país muito perigoso e que se encontra em
estado de emergência desde novembro de 2015, altura em que houve um atentado em Bamako que provocou
20 mortos.
Não obstante o acordo assinado entre o Governo maliano, os rebeldes separatistas tuaregues e as milícias
armadas pró-governamentais, a situação continua muito instável, com ataques e atentados constantes, tal como
na República Centro-Africana, no Iraque e no Afeganistão, onde também há militares portugueses.
É preciso recordar que em 25 anos, desde 1992, já morreram 20 militares nacionais em missões exteriores
de forças portuguesas, portanto quase um militar por ano. Não é desta forma que se combate o terrorismo, seja
ao serviço da União Europeia, da NATO (North Atlantic Treaty Organization) ou da ONU (Organização das
Nações Unidas). Aliás, é desta forma que Portugal participa em organizações como a NATO e colabora com
países como os Estados Unidos da América, a França e a Inglaterra, que, com as suas ações de guerra,
infelizmente, têm fomentado a própria guerra e o terrorismo. Veja-se os tristes exemplos do Iraque e da Líbia.
O Bloco de Esquerda reprova a participação de Portugal nas chamadas «forças nacionais destacadas», pois
nada contribuiu para a paz.