I SÉRIE — NÚMERO 83
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Por isso mesmo, e pela importância que a questão da habitação reveste para o bem-estar dos portugueses,
o CDS reservou um dos seus agendamentos potestativos para debater políticas ativas de acesso à habitação.
Durante este debate, apresentámos seis iniciativas legislativas sobre, nomeadamente, a redução da taxa de
tributação autónoma, em sede de IRS, dos rendimentos prediais; a criação de um seguro de renda; a fiscalização
dos fundos de reserva dos edifícios; a transparência nos processos de alienação ao Fundo Nacional de
Reabilitação do Edificado dos imóveis do Estado; a reconversão e a reabilitação dos edifícios que integram a
colina de Santana, em Lisboa, para que possam ser utilizados para habitação a preços moderados; e, por fim,
uma recomendação ao Governo para que proceda ao levantamento do património imobiliário da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa para a criação de um programa com vista à reabilitação ou construção de imóveis para
arrendamento a preços moderados.
Sr.as e Srs. Deputados, são seis iniciativas legislativas, as quais, de forma séria, contribuem para uma
significativa melhoria do problema da habitação.
Desde já, quero deixar claro a disponibilidade do CDS para o diálogo e para, em sede de especialidade,
aceitarmos sugestões e propostas que possam melhorar os nossos diplomas.
A Lei n.º 31/2012 constituiu um importante contributo para a promoção da habitação e da reabilitação urbana.
Seis anos passados, devemos concentrar-nos na sua melhoria, dando resposta a novas realidades e aos
desafios do futuro.
O problema da habitação em Portugal necessita de estabilidade de políticas e de segurança quer para
arrendatários, quer para inquilinos. Não necessita da instabilidade de anúncios e mais anúncios de medidas que
nunca se sabe se vão acontecer ou não e que, a acontecer, vão fazer o País recuar décadas.
Aplausos do CDS-PP.
Não contem com o CDS para fazer com que o País recue, congelando rendas e voltando assim ao tempo do
Estado Novo. Não contem com o CDS para recuar a 1975 com as ocupações, com a requisição de casas
devolutas, violando a propriedade privada.
Contem, sim, com o CDS para uma discussão séria e serena para melhorar as políticas de habitação. Foi
isso que hoje, ao agendar este debate, fizemos. É isso que faremos durante a discussão na especialidade, com
determinação em resolver os problemas que afligem os portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco, a Mesa regista a inscrição de dois
Srs. Deputados para pedir esclarecimentos. Como pretende responder?
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Responderei em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Fernando
Anastácio, do PS.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco, o CDS, neste
agendamento, para além de um conjunto de projetos de resolução, traz, em concreto, um projeto de lei sobre
matéria fiscal.
Lendo a nota justificativa do projeto de lei, verifica-se que começa por fazer um elogio àquela que foi
denominada «lei Cristas», trazendo todas as referências que a apresentam como uma boa solução para o País.
Contudo, se olharmos para a realidade, vemos que ela é bem diferente. Aliás, por isso mesmo, bem fez o atual
Governo ao abrir uma nova discussão sobre esta matéria e ao pôr em cima da mesa uma nova geração de
políticas de habitação.
Mas, tocando na questão fiscal, que é a questão essencial do vosso projeto de lei, devo dizer que o mesmo
assenta num benefício fiscal, ou seja, assenta em despesa fiscal, assenta no apoio dos contribuintes no nosso
esforço fiscal em função de uma política pública de habitação.