I SÉRIE — NÚMERO 65
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do que importemos, mas queria chamar a atenção do Sr. Deputado para o facto de as importações estarem a
crescer não significar, necessariamente, um mal. Porquê? Porque o grosso das importações tem a ver com os
equipamentos que as empresas necessitam, agora que estão a realizar mais investimentos.
Quanto à incorporação de maior valor e, portanto, ao facto de as empresas que exportam incorporarem mais,
acrescentarem mais valor em relação a matérias-primas ou bens intermédios que importem, pois é isso que está
a acontecer, sobretudo em diferentes clusters industriais que são muito importantes para nós, como o do
agroalimentar, o da cortiça, o do têxtil, o da aeronáutica ou o do automóvel.
Em relação ao investimento estrangeiro, também queria acompanhar V. Ex.ª, se me desse licença, visto que
comungamos do mesmo objetivo, que é o de atrair investimento produtivo, e produtivo no sentido moderno, isto
é, investimento que cria riqueza, seja em bens seja em serviços. É por isso que temos apoiado com especial
carinho, se me permite a expressão, o investimento estrangeiro de base industrial que se faz sentir, por exemplo,
no nosso setor automóvel, no setor de componentes, no setor aeronáutico, que vai permitindo contruir clusters
nacionais nesses setores.
Temos também apoiado muito os investimentos que se sucedem de grandes empresas internacionais,
sobretudo europeias, que aqui procuram as suas bases para centros de serviços ou centros de competências
tecnológicas que sirvam o total dos respetivos grupos.
Passando a responder ao Sr. Deputado Jorge Machado, queria dizer que, evidentemente, as questões
específicas relativas à Efacec deverão ser colocadas à respetiva administração, porque se a administração disse
uma coisa ao Parlamento e fez o contrário deve ser interrogada. O que posso dizer, em nome do Governo, é
que as condições contratuais ao abrigo das quais essa ou qualquer outra empresa beneficia de apoios públicos
têm de ser cumpridas, sob pena de esses apoios serem retirados.
Quanto aos direitos dos trabalhadores, pergunta o Sr. Deputado, e muito bem, onde é que estão no conjunto
dos eixos, e eu respondo: em todos os eixos. Quando promovemos investimento direto estrangeiro produtivo
em Portugal estamos a criar emprego, quando fomentamos as nossas exportações estamos a criar emprego,
quando qualificamos os recursos humanos estamos a aumentar a qualidade do emprego e dos rendimentos, e
por aí fora.
De uma coisa pode estar o Sr. Deputado seguro: o tempo em que se pensava que era cortando rendimentos
e baixando salários que o País podia progredir e afirmar-se internacionalmente acabou, e enquanto nós e a
maioria parlamentar que apoia este Governo estivermos nisso empenhados acabou para não mais voltar. Julgo
que estamos de acordo que é muito importante que esse passado não regresse.
Aplausos do PS.
O Sr. Deputado Leite Ramos exprimiu a sua deceção por me encontrar aqui, nesta bancada. Percebo, aceito.
Apresenta duas hipóteses, mas falhou-lhe, na minha modesta opinião, a hipótese mais óbvia: é a de que está
aqui o ministro responsável pela internacionalização económica visto que o debate é sobre internacionalização
económica. Nada mais, nada menos.
Aplausos do PS.
Pergunta o Sr. Deputado se ainda me recordo do governo — e cito-o — «onde pertenci». Desse não me
recordo, mas recordo-me de todos os governos a que pertenci até agora, pode estar o Sr. Deputado seguro
disso.
Sobre o abrandamento da economia, repare o Sr. Deputado neste dado curioso: no primeiro trimestre de
2018, o produto interno português terá crescido 2,1%, segundo a estimativa rápida do INE — vamos ver qual é
o resultado final. Queixa-se o Sr. Deputado de que é pouco. Então, como é que o Sr. Deputado qualificaria o
crescimento económico do País em 2011, em 2012, em 2013, em 2014 e em 2015?
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Está a comparar o incomparável!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Em 2009 e 2010 foi muito bom!