I SÉRIE — NÚMERO 87
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Para apresentar a iniciativa do Bloco de Esquerda e apreciar a petição, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana
Mortágua.
Peço, entretanto, aos grupos parlamentares que se inscrevam até ao final da intervenção da Sr.ª Deputada.
Faça favor, Sr.ª Deputada Joana Mortágua.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quero saudar as professoras, os
professores, os educadores e as educadoras que assinaram esta petição, milhares de docentes, para reclamar
o cumprimento de um direito que já foi reconhecido aqui, na Assembleia da República, que é o da contagem de
todo o tempo de serviço para efeitos de posicionamento na carreira docente.
Isto significa que os 9 anos, 4 meses e 2 dias — quase uma década de dedicação à escola pública — não
podem ser reduzidos a 2 anos, 9 meses e 18 dias, ou seja, não se pode passar uma borracha em 70% do tempo
de serviço das docentes e dos docentes.
Ora, os professores e as professoras sentem-se hoje discriminados, afrontados e desconsiderados.
Discriminados em relação aos funcionários públicos a quem será contada toda a carreira, a quem será
reconhecido todo o tempo de serviço; afrontados, porque o Governo pretende aplicar aos docentes e às
docentes as regras das carreiras gerais da função pública, e isto significa rasgar o Estatuto da Carreira Docente,
significa rasgar o direito à carreira, não a uma qualquer carreira mas o direito à carreira legalmente prevista no
estatuto da Carreira Docente; e sentem-se também desconsiderados, porque, apesar de os sindicatos terem
apresentado propostas para o faseamento da valorização remuneratória, mesmo que os sindicatos tenham tido
em atenção o impacto financeiro desta medida, o Governo recusou-se a negociar este faseamento e, pura e
simplesmente, negou a aplicação do Estatuto da Carreira Docente, negou a contabilização integral do tempo de
serviço das professoras e dos professores.
Ora, isto não era uma opção para o Governo tomar, porque a Assembleia da República aprovou uma
resolução, inclusive com os votos do Partido Socialista, que recomendou ao Governo que fosse contado todo o
tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira e da correspondente valorização remuneratória.
Seja aqui, seja na China, seja em Plutão, seja noutra galáxia, o que isto significa é que o Governo tem de
reconhecer 9 anos, 4 meses e 2 dias do tempo de serviço dos professores e das professores, e o PS também
tem de dizer, aqui, na discussão desta petição, se mantém o voto que fez, se mantém a palavra que deu nesse
dia aos docentes e às docentes e se vai permitir que o Governo desrespeite a palavra que aqui foi dada pelo PS
e pelos outros partidos, quando se apresentou este projeto.
O Bloco de Esquerda apresenta hoje um projeto de resolução para valorizar os professores e a carreira
docente, apresenta-o também em saudação à manifestação que amanhã vai ocupar as ruas de Lisboa, a partir
do Marquês de Pombal, de todos os professores e de todas as professoras que exigem respeito, e o Bloco de
Esquerda também aqui exige respeito pelos professores.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Maria
Augusta Santos, do PS.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos hoje a debater a
petição n.º 395/XIII (3.ª) e o projeto de resolução n.º 1610/XIII (3.ª), do Bloco de Esquerda, sobre questões de
revalorização da carreira docente.
É para o Grupo Parlamentar do PS indiscutível que a consolidação de uma escola onde todos tenham
sucesso depende, nomeadamente, de professores profissionalmente reconhecidos e socialmente valorizados.
É por isso que o atual Governo tem implementado diversas medidas de combate à precariedade docente e
também de inequívoca valorização da profissão de professor.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Exatamente!