I SÉRIE — NÚMERO 91
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Este é, Srs. Deputados, um muito mau prenúncio para os agricultores
portugueses.
Outra área que o CDS considera essencial e que, em nossa opinião, não tem sido assegurada nem defendida
pelo Governo da melhor forma é a questão da água e das alterações climáticas, que são uma inevitabilidade e
que já estão aí, não são para amanhã! Passámos da maior seca dos últimos 80 anos para o mês de março mais
chuvoso desde que há registos históricos, e parece que já ninguém se lembra de que houve seca nos últimos
três anos.
Vários estudos indicam que Portugal será um dos países da Europa mais vulnerável a estes fenómenos
extremos, com períodos de seca mais prolongados e períodos muito curtos de elevada pluviosidade.
É, por isso, necessário preparar uma rede de rios e ribeiros para a existência de cheias e secas. É óbvio que
não existe uma disponibilidade ilimitada do recurso, mas isso não significa que fiquemos de braços cruzados à
espera que a água que cai num período muito curto vá toda parar ao mar, como diz o Sr. Ministro do Ambiente,
sem que façamos algo para a reter nesse momento para a podermos utilizar mais tarde.
Por isso, entendemos que combater as alterações climáticas em Portugal apenas pela descarbonização da
economia, como defende o Governo, é demasiado redutor e muito poucochinho.
Dir-nos-ão que devemos investir e apostar na reutilização da água como solução. A própria Comissão
Europeia apresentou, muito recentemente, propostas nesse sentido. Para o CDS esta solução não é de
descartar, mas não é, de todo, suficiente para as necessidades de um clima mediterrânico em mudança
acelerada.
Dirão também que a agricultura é a atividade que mais consome água e, por isso, há que melhorar a
eficiência. Nós dizemos que a agricultura não consome, a agricultura utiliza a água. Há muito a fazer no que
respeita à melhoria da eficiência, sim, mas essencialmente nos regadios públicos antigos, alguns com mais de
meio século. Os regadios modernos, públicos e privados, são extremamente eficientes e os agricultores
portugueses não ficam atrás dos melhores da Europa e do mundo.
Aplausos do CDS-PP.
Porém, esta solução também não é suficiente para as necessidades que se avizinham para o nosso clima.
Entendemos, por isso, que é necessário aumentar a capacidade de armazenamento de água do País. É preciso
reter a água quando ela cai para a podermos usar mais tarde, quando é necessária.
Defendemos, por isso, um verdadeiro Plano Nacional de Barragens, que garanta a capacidade de
regularização interanual, quer pelos volumes armazenados, quer pela possibilidade de interligações umas com
as outras, não de barragens de elevado potencial hidroelétrico que tantos criticam, mas de barragens de uso
múltiplo, para rega e não só, que permitam evitar situações como a que vivemos recentemente em Viseu ou no
Vale do Sado.
Defendemos que estes investimentos têm de ser financiados pelos fundos de coesão e não pelos fundos da
PAC. Não estamos a falar de rentabilidade económica nestas situações, falamos da tão apregoada coesão
territorial, que não pode ser defendida no discurso e deixada na gaveta na ação.
Por fim, também os novos desafios da floresta, investimentos de escala relevante por questões de defesa
contra incêndios rurais e não florestais, como muito bem agora dizemos, têm de ser enquadrados nas políticas
de coesão e não nas políticas da PAC.
O Governo defende, no discurso, um reforço da complementaridade entre o desenvolvimento rural, a PAC e
a política de coesão. Então, o Governo deve defender nas propostas concretas essa complementaridade.
Precisamos de um governo que defenda verdadeiramente os interesses de Portugal e dos agricultores
portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PS.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro do Carmo.