7 DE JUNHO DE 2018
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O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Durante a época balnear e fora
dela, continua a registar-se no País muitas vítimas por afogamento em praias não vigiadas e mesmo em praias
vigiadas, particularmente onde não se verifica a vigilância e a assistência a banhistas.
Os números continuam a ser dramáticos. Só neste ano registam-se já 40 mortes por afogamento, grande
parte no mar e em praias sem vigilância, e a época balnear ainda nem começou.
Só nos primeiros 11 meses do ano de 2017, o Observatório do Afogamento, criado pela Federação
Portuguesa de Nadadores Salvadores, contabilizou 112 vítimas mortais em meios aquáticos, como praias,
piscinas e barragens. Só entre janeiro e setembro, ocorreram 96 mortes por afogamento, das quais 16 pessoas
do sexo feminino e 80 do masculino.
No ano de 2016, de 1 de maio a 30 de setembro, afogaram-se 17 pessoas, perto de metade em praias não
vigiadas, com 605 intervenções de nadadores-salvadores em praias concessionadas, 712 intervenções em
praias não concessionadas abrangidas por sistemas integrados e 1032 assistências de primeiros socorros,
segundo dados da Autoridade Marítima Nacional.
É nos meses de férias, alguns fora dos períodos de verão, que se registam mais mortes de crianças e jovens
menores de idade, nomeadamente por afogamento. Na Europa, segundo dados da Organização Mundial de
Saúde, todos os anos morrem 500 crianças e jovens até aos 19 anos por esse motivo.
Em Portugal, morreram, entre 2002 e 2014, 215 menores. Mas não são só as mortes que preocupam. Nos
últimos 13 anos, 512 crianças foram internadas na sequência de afogamentos, o que muitas vezes implica
sequelas neurológicas ou motoras que as acompanham pela vida fora. Uma parte pertence a Portugal,
infelizmente, e ocorre fora do período balnear e em praias não vigiadas, como disse. São números bastante
pesados e que têm levado o sofrimento e o luto a muitas famílias deste País.
Os poderes públicos, nomeadamente os Governos do PSD/CDS e até do PS, não têm atuado nesta matéria
como lhes competia. Se assim o tivessem feito, certamente este grave problema teria sido minimizado.
O regime de assistência a banhistas continua muito desajustado e é urgente ultrapassar certos
constrangimentos, tendo em conta as alterações climatéricas que se têm verificado nos últimos anos. É uma
realidade o aquecimento do planeta e o nosso País tem sofrido bastante com essas alterações.
É preciso alargar o período da época balnear e não o circunscrever apenas aos meses de junho a setembro,
de um modo geral. Por outro lado, é preciso que a vigilância e a assistência a banhistas contemple as praias
não concessionadas através da contratação de nadadores-salvadores sob a responsabilidade do Estado.
A Lei n.º 44/2004, que introduziu um conjunto de alterações positivas e que devia ter sido regulamentada
pelo Governo PSD/CDS, na altura não o foi. A seguir, o Governo Sócrates, que também não procedeu à sua
regulamentação, fez mesmo marcha atrás, desresponsabilizando o Estado relativamente à contratação de
nadadores-salvadores e voltando a entregar tudo aos concessionários privados durante a época balnear. O
Governo PSD/CDS dos tempos da troica também nada fez, tendo, aliás, liberalizado e desregulado ainda mais
a segurança para os banhistas.
Os Governos PS e PSD/CDS sempre argumentaram com os custos financeiros, diziam que o País não
aguentava, que a troica impedia — e mesmo agora continuam com essas justificações —, mas não tiveram
pudor nem vergonha em criar e alimentar PPP (parcerias público-privadas), swaps e bancos privados com
muitas centenas e milhares de milhões. Afinal, para estas entidades nada recomendáveis, que têm sugado e
rapinado o País, já havia e continua a haver muito dinheiro.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr.as e Srs. Deputados, pese embora o facto de as câmaras municipais
poderem antecipar ou prolongar a época balnear, tal não é suficiente, pois muito poucas o fazem, mesmo tendo
em conta as temperaturas convidativas para banhos nos meses de abril, maio e outubro.
Para o Bloco de Esquerda, parece adequado a abertura da época balnear a partir de 1 de abril e que se
prolongue, como há pouco se falou e como o Bloco de Esquerda evidenciou, até 31 de outubro.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!