I SÉRIE — NÚMERO 98
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O Serviço Nacional de Saúde, que nasceu há quase 40 anos, tem-se revelado um instrumento incontornável
no progresso da sociedade portuguesa e na melhoria da saúde dos portugueses.
Quase 40 anos passados e com um enquadramento sociodemográfico, tecnológico e político bem distinto,
impõe-se defender o SNS e operacionalizar respostas modernas e inovadoras para novos problemas e desafios,
respeitando princípios fundamentais incontornáveis. E deixem-me dizer que, nesta matéria, a posição do CDS
é bem conhecida.
O SNS tem atravessado dificuldades e o CDS lamenta hoje, aqui, que nestes últimos três anos de governação
socialista, com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda, o SNS esteja a ver comprometidas a sua
sustentabilidade e qualidade, com claros prejuízos para a saúde dos portugueses e para os profissionais que
nele trabalham, a quem aproveitamos para saudar e elogiar.
Aplausos do CDS-PP.
As reformas estruturais dos cuidados de saúde primários, a reforma hospitalar da saúde pública, dos
cuidados de saúde aos doentes crónicos e em fim de vida estão comprometidas ou mesmo paralisadas.
Há problemas gravíssimos no acesso aos cuidados de saúde, os profissionais estão descontentes,
desgastados e sentem-se atraiçoados e desvalorizados.
Têm sido muitas as promessas, mas a realidade está longe de ser cor-de-rosa. Estão à vista os resultados
de uma opção deliberada do Governo de não fazer investimentos nos serviços públicos de saúde, resultados de
uma austeridade que o Governo tem querido esconder dos portugueses mas que eles sentem todos os dias,
quando se dirigem aos serviços de saúde.
É o garrote das finanças imposto às desejáveis respostas às necessidades de saúde dos portugueses, um
garrote que impede contratações necessárias e que não se concretizam, um garrote que limita a desejável
autonomia responsável dos serviços, um garrote que se traduz também em cativações que paralisam avanços
imperiosos que tardam em concretizar-se.
Este Governo não tem sido amigo do SNS e o Bloco de Esquerda e o PCP bem podem vir protestar que não
deixam de estar profundamente comprometidos com estas políticas e com estes resultados.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — A proposta hoje apresentada pelo Bloco de Esquerda, quanto a nós
de forma precipitada e pouco densificada, face ao que a relevância do tema exige, não representa o avanço e a
resposta certa para as novas realidades e problemas que o SNS enfrenta.
Em matérias fundamentais e de princípio, estamos em profunda divergência com o Bloco de Esquerda,
nomeadamente em questões de modelos de financiamento e na integração do setor social e privado no sistema
de saúde.
O CDS entende que é preciso uma nova lei de bases da saúde em que o cidadão, sim, repito, o cidadão, e
não os preconceitos ideológicos, esteja verdadeiramente no centro do sistema.
Aplausos do CDS-PP.
No momento oportuno, o CDS dará os seus contributos e participará ativamente neste importante debate,
visando a melhoria da saúde dos portugueses.
Recusamos rótulos de «inimigos do SNS», vindos de quem está cristalizado no tempo, e que são
completamente infundados. E queríamos aqui lembrar que não há donos do SNS.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — O SNS é, hoje, o resultado do contributo de muitos, de pessoas de
diferentes proveniências partidárias, e orgulhamo-nos daquilo que hoje temos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!