23 DE JUNHO DE 2018
19
O Bloco de Esquerda também prevê, no seu projeto de alteração à Lei de Bases da Saúde, que os setores
privados e sociais deixem de se articular com o setor público, como sempre sucedeu, para passarem a ser
meramente complementares e supletivos.
Já a proposta que está em discussão pública, do grupo de trabalho nomeado pelo Governo para alterar a Lei
de Bases da Saúde, defende, e bem, um princípio de articulação que pode mesmo implicar a integração de um
estabelecimento privado ou do setor social no Serviço Nacional de Saúde. É o que prevê o n.º 7 da base XX da
referida proposta.
Pergunto ao Sr. Deputado António Sales se o Partido Socialista se revê na articulação entre setores,
defendida pelo Governo, ou na visão estatista, do Bloco de Esquerda.
Era importante que o Partido Socialista fosse claro, porque era um excelente contributo para um debate
transparente e esclarecedor.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Fátima
Ramos.
A Sr.ª FátimaRamos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Sales, começo por referir uma primeira
noção básica: o PSD sempre esteve, e está, ao lado do Serviço Nacional de Saúde.
Protestos do PS e do BE.
Para o PSD, o importante é gerir com rigor e servir as pessoas da melhor maneira possível. Esta é a nossa
forma de estar.
Alguns fazem discursos bonitos, mas, depois, na prática, o que temos? Temos três anos de espera para
consultas que deviam acontecer em dois meses (no final de 2017, 100 000 doentes tinham de esperar mais de
um ano para ter consulta); atrasos na oncologia e noutros serviços; vários serviços do Serviço Nacional de
Saúde fechados, nomeadamente nos cuidados de saúde primários. Basta, pois, recordar a gestão do Partido
Socialista noutros tempos.
Fazem discursos bonitos, mas, depois, na prática, o que fazem? Dispensam entidades que querem colaborar,
nomeadamente no setor social, o terceiro setor, sem fins lucrativos. Dispensam-nas! É o que faz também o
Bloco de Esquerda na iniciativa que, agora, apresenta.
Para o PSD, não é assim!
O Sr. MoisésFerreira (BE): — Pois não! Nós sabemos!
A Sr.ª FátimaRamos (PSD): — Para o PSD, todos são necessários, todos são importantes e é essencial
haver um bom setor público, bem fiscalizado. Não é como faz o Partido Socialista, que corta na Entidade
Reguladora da Saúde, que fica sem meios para controlar e fiscalizar.
Nós não somos assim!
O Sr. AdãoSilva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª FátimaRamos (PSD): — Nós queremos, de facto, bons serviços, bom atendimento.
Sabemos que os tempos, em função da conjuntura, são difíceis. Por isso, estamos disponíveis para
colaborar, para melhorar o serviço, para melhorar o sistema.
Deixo algumas perguntas ao Sr. Deputado António Sales, do Partido Socialista: revê-se na visão que o Bloco
de Esquerda defende nesta proposta de alteração à Lei de Bases da Saúde? Concorda com o Bloco de
Esquerda, quando exclui qualquer possibilidade de gestão não pública nos serviços de saúde, mesmo que tal
seja justificado pelo interesse público?
No PSD, como disse, o que queremos são melhores serviços, mais celeridade, rigor e boa gestão.