I SÉRIE — NÚMERO 99
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determinantes na decisão de ter ou não ter filhos, uma idade que, não por acaso, coincide com a de muitos
trabalhadores precários que os senhores recusaram regularizar nesta Assembleia da República, votando contra
o PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública). Esta
era uma boa oportunidade para explicarem também por que é que o fizeram.
Aplausos do PS.
Por isto e muito mais, Srs. Deputados do PSD, não basta vestir a pele de cordeiro para deixar de ser lobo.
Mais do que políticas avulsas, os senhores têm é de definir qual o modelo de sociedade que querem e, quanto
a isso, os portugueses já sabem com o que contam, não precisamos de nenhuma comissão eventual.
Para o Partido Socialista, o desafio das políticas públicas nesta área é o de apoiarem a decisão consciente
de parentalidade em torno de eixos claros que subscrevemos e reiteramos, no final deste debate.
Primeiro eixo, investimento em estruturas de apoio às famílias, dando prioridade à primeira infância; segundo
eixo, política de rendimentos, apoios sociais e medidas fiscais de apoio às famílias, aquelas que o CDS não
percebe — nomeadamente, a nível do coeficiente familiar, o CDS não percebe porque é que as famílias tiveram
um jackpot no IRS (imposto sobre o rendimento de pessoas singulares) este ano. Sr. Deputado Filipe Anacoreta,
tiveram um jackpot por causa das medidas que o PS implementou e que o senhor contesta.
Aplausos do PS.
Terceiro eixo, conciliação da vida profissional, familiar e privada; quarto eixo, combate à precariedade; quinto
eixo, direito à habitação.
Para além destes — e vou terminar, Sr. Presidente —, já agora, não podemos ignorar o retorno dos
emigrantes e da imigração face ao desafio demográfico, uma política que tem de estar necessariamente
ancorada e fundada nos valores do humanismo e da tolerância, que muitas vezes não vemos também nos
partidos da direita.
A estratégia do PS e do Governo para enfrentar o desafio da natalidade está enquadrada dentro da estratégia
que temos vindo a desenhar em todos os Orçamentos do Estado desta Legislatura: recuperação do emprego,
valorização dos salários, reforço dos apoios sociais, redistribuição dos rendimentos e dinamização do diálogo
social.
Sem isto, Srs. Deputados, nunca haverá sucesso nas políticas de apoio à infância, e foi a esse debate que
o PSD faltou esta tarde, mostrando-se incapaz de se colocar ao lado dos que defendem soluções alargadas,
consensualizadas e capazes de produzir efeitos duradouros na sociedade portuguesa.
Teria sido uma boa oportunidade, Sr.ª Deputada, mas foi mesmo uma grande oportunidade perdida.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Vânia
Dias da Silva, do CDS-PP.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria começar por saudar
o PSD por este agendamento. Finalmente, mais alguém do espectro político-partidário vem ao encontro das
preocupações do CDS, que as manifesta há já muito tempo. Haja alguém…
Protestos do PS.
Não para desfiar o rosário das propostas do CDS nesta matéria — o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia
já há pouco explicou quais eram —, mas para me deter em algumas e lembrá-las, retribuindo as acusações que
os senhores nos deixaram nesta matéria, gostaria de dizer o seguinte: o que é que os senhores fizeram à nossa
proposta sobre o aumento do número de ciclos de tratamento da PMA (procriação medicamente assistida)?
Chumbaram! O que é que os senhores fizeram à nossa proposta de atribuição de benefícios de IRC (imposto
sobre o rendimento de pessoas coletivas) para empresas que tenham comportamentos familiarmente