6 DE JULHO DE 2018
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se faz aos trabalhadores, é um ato de justiça e de reconhecimento. E também não temos, como a Sr.ª Deputada
imaginará, nem sobre as 35 horas, nem sobre o Infarmed, estados de alma! Não pensamos uma coisa à
segunda-feira e outra coisa à terça-feira, pensamos sempre o mesmo.
Ora, o que há a dizer sobre esta matéria é o seguinte: o planeamento foi feito, tal como tinha acontecido em
2016, e até junho deste ano foram recrutados 1600 profissionais. Neste momento, os hospitais têm autorização
para, por sua livre iniciativa e com autonomia, escolherem os grupos de profissionais que querem contratar,
tirando até partido das bolsas de recrutamento de grande parte desses hospitais.
Tal como aconteceu em 2016, Sr.ª Deputada, vai acontecer em 2018! Apesar do alarmismo e dos
profissionais do catastrofismo, com a colaboração empenhada das instituições, como está a acontecer agora,
vamos fazer o trabalho que importa.
É importante referir aos portugueses, para os tranquilizar, que existem 21 000 camas no Serviço Nacional de
Saúde! São 21 000 camas, o que significa que 98% das mesmas não estão a passar por nenhum período de
instabilidade. E também é preciso explicar aos portugueses que os hospitais têm questões, aqui, na Europa,
neste ano e mesmo com Governos anteriores, que têm a ver com a lotação oficial, a lotação média, a lotação
praticada, que têm a ver com a gestão sazonal das camas no verão… Foi por isso que, em 2016 e em 2018,
optámos por fazer esta transição no período em que há menos profissionais, em que há menos utentes e em
que alguns hospitais aproveitam, nomeadamente, para encerrar blocos operatórios e fazer a sua manutenção
preventiva.
Portanto, em nome da verdade e do sossego das pessoas, convém não cultivar uma linguagem alarmista.
Se o hospital A ou B tem uma dificuldade concreta, nós não a desvalorizamos e, naturalmente, o que fazemos
é atuar junto da ARS (Administração Regional de Saúde) e perguntar se o planeamento feito precisa de ser
corrigido. Mas 21 000 camas não são 10 nem 8, nem 9!
Quanto à questão que a Sr.ª Deputada levantou, de setembro e de que eu infletia o discurso em relação ao
que disse ontem na Comissão, a resposta é não, Sr.ª Deputada. Tenho uma enorme dificuldade em dizer uma
coisa na quarta-feira e outra na sexta-feira, porque, de facto, acho que é nossa obrigação enquanto políticos
sermos responsáveis pelo uso da palavra.
O que eu disse ontem, na Comissão, e repito aqui, no Plenário, foi que a Sr.ª Secretária de Estado e o seu
gabinete, com a ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) e com as ARS, farão, em setembro, a
avaliação que importa fazer deste processo e estimarão, nesse momento, se, caso a caso, entidade a entidade,
as respostas que foram atribuídas são as respostas necessárias e adequadas.
Não podemos esquecer que as instituições não são todas iguais! Há instituições que têm um desempenho
mais eficiente, que precisam de recursos de outro tipo e isso — como se dizia ontem, no debate, na Comissão
— não é uma coisa que se veja a olho. Não podemos dizer «acho que são 10 000» ou «acho que são 15 000»!
Não é nada disso.
Portanto, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, em relação à questão que colocou fica, de facto, este
compromisso, de que o trabalho está a ser feito com planeamento, com ponderação e em estreita articulação
com os dirigentes, quer regionais, quer locais.
Quanto à questão que colocou, acerca da aprovação do medicamento, pedi ajuda ao Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Saúde, que falou com o Infarmed, e a informação que tenho é a de que o processo de aprovação
estará para muito breve, mas o Partido Ecologista «Os Verdes» será, inclusivamente, informado por escrito
dessa questão.
Sr. Deputado Moisés Ferreira, é evidente que faltam profissionais. Nunca o Governo disse que não faltavam!
Agora, voltando um pouco à realidade, a questão é que, comparando 2012 e 2013 com 2018, há mais 8000
profissionais, que conjugados com os 2000 que estão agora a ser contratados totalizam 10 000. Mas alguém
compreenderá ou aceitará que não há uma diferença entre ter menos 10 000 ou mais 10 000?! Mas alguém
compreenderá ou aceitará que a reposição remuneratória, a revalorização do trabalho suplementar e
extraordinário, a proteção na maternidade, os direitos das pessoas, a redução do PNT (período normal de
trabalho) signifiquem que — como dizia o Sr. Deputado de Os Verdes na sua intervenção inicial —, em alguns
aspetos, estejamos a cometer alguns pecados ou pecadilhos que o Governo que nos antecedeu terá cometido?
Não estamos! A nossa visão é completamente diferente, a nossa relação com o trabalho é diferente, a nossa
relação com os trabalhadores da saúde é diferente! Agora, uma coisa lhe digo, Sr. Deputado Moisés Ferreira: é
diferente, mas é responsável!