7 DE JULHO DE 2018
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O que está hoje em discussão não é se gostamos ou não de tourada, mas tão-somente e apenas se
respeitamos quem gosta e quer continuar e preservar esta tradição. É esta a discussão que temos de ter, com
clareza e sem radicalismos.
O Partido Socialista, como partido fundador da nossa democracia, está onde sempre esteve, do lado da
liberdade e da tolerância, e por isso o nosso desacordo e voto contra em relação a este projeto.
Aplausos do PS, de Deputados do PSD e do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Em nome do Partido Ecologista «Os Verdes», tem a palavra a
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia para uma intervenção.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes começam por
salientar dois factos.
O primeiro é que as touradas têm, inegavelmente, um enraizamento cultural. A questão é a de refletir até que
ponto essa vertente cultural vale por si só para sustentar e exaltar um espetáculo com características de efetiva
violência.
O segundo facto a assinalar é que as touradas são um espetáculo violento e que inflige inegavelmente um
sofrimento real e visível sobre o touro. Essa característica de violência já lhes deveria ter conferido, pelo menos,
o seu devido lugar nas transmissões televisivas: ou não sendo transmitidas ou sendo classificadas para 18 anos,
com as consequências daí decorrentes em termos de restrições e horário, conforme proposta que Os Verdes
apresentaram na Assembleia da República em 2012.
Esta violência do espetáculo tauromáquico é generalizadamente reconhecida. Relembro que, em 2010, uma
Deputada do CDS, defensora das touradas, assumiu aqui, no Plenário, que as touradas podem ser um
divertimento bárbaro ou, até, incitar a violência injustificada.
A posição de Os Verdes é clara há muitos anos: Os Verdes assumem que deve ser trilhado um caminho que
não promova, não fomente o espetáculo tauromáquico. Um dos contributos que Os Verdes deram nesse sentido
foi a apresentação de uma proposta muito concreta para o fim dos apoios públicos às atividades tauromáquicas.
Infelizmente, essa proposta de Os Verdes foi chumbada na Assembleia da República.
Uma coisa é certa, Sr.as e Srs. Deputados: cada vez mais portugueses se tornam não-adeptos das touradas
e, por isso, o espetáculo tauromáquico tem vindo a perder público.
Os Verdes acreditam que o debate, a sensibilização dos cidadãos e a consciencialização sobre as
características das touradas são determinantes para que deixe de haver, efetivamente, adesão generalizada a
um espetáculo desta natureza e com estas características, porque, Sr.as e Srs. Deputados, as dimensões
culturais das sociedades também se vão alterando, como é evidente. O caminho da pedagogia e da
sensibilização é talvez, na perspetiva de Os Verdes, aquele que é mesmo mais eficaz.
Sobre o projeto de lei que está hoje em discussão, gostávamos de afirmar que a posição que vamos assumir
na votação é a nossa manifestação de disponibilidade para discutir esta matéria em sede de especialidade.
Portanto, neste momento, estamos a fazer a sua discussão na generalidade, a qual pode dar lugar a uma
discussão na especialidade, e Os Verdes manifestam a sua disponibilidade para a realizar.
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP,
para uma intervenção.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, em relação a este projeto do PAN,
quero dizer uma coisa muito simples e muito direta: este projeto tem um mérito, que é o de ter praticamente um
ponto único, um artigo único, que diz «vamos proibir as touradas» — ponto final! —, e, portanto, tendo um artigo
único, também é fácil, para nós, respondermos numa palavra: não!
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.