13 DE JULHO DE 2018
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Portugal reconhece a importância do processo de alargamento e da contribuição que a perspetiva europeia
tem para a paz e estabilidade da região dos Balcãs. Mas temos também a necessidade de sublinhar, a
necessidade de um olhar equilibrado para a vizinhança Sul da Europa. A sua estabilidade e segurança têm um
impacto enorme sobre a estabilidade e a segurança europeias. A cooperação com os países do Magrebe deve
prosseguir de maneira intensa e coordenada e a parceria com África é central.
Portugal tem sempre evitado que o discurso europeu em relação a África fique refém de uma agenda negativa
ligada às migrações e ao terrorismo, frisando a importância de que se revestem as questões do
desenvolvimento, da governação e do investimento no crescimento, para além do apoio à paz e à segurança.
Termino, sublinhando que, apesar de uma agenda tão complexa e dos desafios que temos pela frente,
estamos confiantes de que a presidência austríaca contribuirá para reforçar a unidade e o espírito europeu.
Portugal aí estará para dar o seu contributo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do
PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Gonçalves.
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, Sr. Embaixador da Áustria: No momento em que a Áustria assume a presidência do Conselho da
União Europeia para os próximos seis meses, a Europa enfrenta um conjunto de desafios que podem colocar
em causa a sua coesão e a sua capacidade para se continuar a assumir como o espaço de liberdade, de
desenvolvimento e de prosperidade que todos conhecemos.
Foi com base neste contexto que o Governo austríaco definiu como grande prioridade da sua presidência a
questão das migrações, adotando mesmo como lema «Uma Europa que protege», dando uma especial atenção
à questão da segurança e do combate à imigração ilegal.
O Governo austríaco declarou que pretende, nos próximos seis meses, construir pontes na União Europeia
e reduzir tensões, o que nos parece uma tarefa importante, mas uma tarefa difícil, muito mais para um Governo
conhecido pelas suas posições mais restritivas quanto à chegada e à permanência de candidatos de asilo à
Europa.
No entanto, esta é uma tarefa fundamental, pois a União tem falhado em encontrar uma posição concertada
para o enorme desafio que as migrações têm colocado aos 28 Estados-membros.
Numa Europa em que a corrente eurocética tem vindo a ganhar cada vez mais expressão, também em
Portugal, e sabendo que estamos a menos de um ano das eleições europeias, é fácil de entender que em muitos
países este será o tema principal e nalguns talvez o único da discussão política. Isso poderá restringir a
capacidade de alguns Estados-membros nas negociações e nas decisões que tem de tomar sobre estas
matérias.
Assim, importa saber de que forma o Governo português encara a abordagem que é feita pela presidência
austríaca relativamente ao dossier das migrações. Estaremos nós a responder, eventualmente, a uma pergunta
que muitos fazem no caminho de ter uma posição mais dura da União Europeia neste domínio? Convinha saber.
É que, conhecendo os resultados do último Conselho Europeu e das enormes dificuldades de entendimento
nesta matéria, é importante saber qual é o limite traçado pelo Governo de forma a garantir a segurança dos
cidadãos europeus sem comprometer as aspirações e os direitos de todos aqueles que chegam às fronteiras
europeias.
Outro tema de grande relevância tem a ver com a negociação para a saída do Reino Unido da União
Europeia, que deveria ou deverá estar concluída em março de 2019.
Nos últimos dias, os desenvolvimentos ocorridos no seio governo britânico, vieram demonstrar que este é
um processo que está longe de estar fechado e que terá consequências importantes para o espaço europeu.
Independentemente das decisões que o Reino Unido venha a tomar, começa, infelizmente, de novo, a
especular-se sobre a possibilidade de não haver um acordo efetivo entre a União Europeia e o Reino Unido
precisamente no momento em que se exigia o acelerar do processo negocial para que os prazos estabelecidos
para o acordo fossem cumpridos.