I SÉRIE — NÚMERO 1
34
O Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas: — Estamos a discutir o Programa Nacional de
Investimentos para próxima década — ou, pelo menos, era isso que se pretendia —, mas alguns Deputados
entretiveram-se a procurar a pequena polémica, a pequena trica, em vez de contribuir com propostas credíveis
para o debate que verdadeiramente estava em cima da mesa.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Ouvimos mesmo — e, Srs. Deputados, não queríamos acreditar — o PSD dizer que o investimento público
é necessário agora. Isto era o PSD a falar, e eu diria que perdeu a memória, perdeu um bocadinho a compostura,
porque vem dizer agora que é preciso investimento público.
Protestos do PSD.
Já no início da Legislatura o tinham feito, quando chegámos à discussão do primeiro Orçamento do Estado
— repito, à discussão do primeiro Orçamento do Estado — apresentado por este Governo e uma Sr.ª Deputada,
que está hoje aqui, na Câmara, e que cumprimento simpaticamente, dizia: «Agora é o tempo da obra!». Na
primeira discussão do primeiro Orçamento do Estado, diziam: «Agora é o tempo da obra!», e vai de pedir obras
na rodovia, e vai de pedir obras por todo o País, era o tempo da obra!
Pena que assim seja, pois os portugueses beneficiariam, certamente, deste debate, e a nossa postura foi
nesse sentido, quando assumi que não vinha apresentar os investimentos concretos — que constarão do
documento que, obviamente, apresentaremos mais à frente —, mas que este era mais um momento importante
impulsionado pelo Partido Socialista para recolhermos contributos para o consenso que queremos obter em
torno do futuro plano de investimentos em infraestruturas.
Estamos a discutir agora o futuro porque este é o tempo de o fazer, o momento em que, com antecedência,
primeiro perspetivámos as opções estratégicas para Portugal no contexto do Portugal 2030 e, agora, as
infraestruturas que instrumentalmente suportarão o desenvolvimento dessa estratégia.
Estamos a discutir o futuro, mas não fugimos do presente e não temos nenhum problema em fazer o balanço
do presente.
Estamos a discutir o futuro porque preparámos e estamos a executar as obras do presente, aquelas que
assumimos e aquelas que estamos a realizar. Apesar de termos encontrado um panorama desolador em matéria
de preparação dos investimentos em infraestruturas quando chegámos ao Governo, assumimos a execução do
PETI3+.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Repito: assumimos a execução do PETI3+, dando um exemplo muito diferente da tradição de rasgar as
propostas de planeamento do Governo anterior e, depois, propor mais ou menos a mesma coisa, o que, aliás,
também tinha acontecido na Legislatura anterior.
Assumimos a execução do PETI3+, resolvemos os problemas que nos foram deixados e pusemos no terreno
projetos nos mais diversos setores.
Na rodovia, mas sobretudo na ferrovia e também nos portos, não nos foram deixados os projetos de
engenharia, os estudos, as avaliações ambientais ou, em muitos casos, as fontes de financiamento.
Os aeroportos foram privatizados sem que fosse definida uma solução e assegurado o financiamento para a
construção de um novo aeroporto em Lisboa, nem sequer para a expansão da capacidade do aeroporto
existente.
As empresas públicas do setor dos transportes estavam numa situação de imensa fragilidade, depois de um
brutal desinvestimento e da redução do número de trabalhadores, como parte da estratégia «quanto pior,
melhor», porque assim se preparava a privatização de muitas dessas empresas.