20 DE SETEMBRO DE 2018
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terminar a eletrificação, que, aliás, estava prevista, na Linha do Douro, e na sua ligação a Espanha, e na Linha
do Leste, em particular no ramal de ligação à zona industrial de Portalegre.
Para além disso, é absolutamente imperioso proceder à reparação de material circulante e, para tal, são
indispensáveis trabalhadores. Na verdade, os 102 novos trabalhadores previstos para a EMEF não vão sequer
cobrir o número de trabalhadores que passaram à reforma e os 88 previstos para a CP são absolutamente
insuficientes.
Não estranha, por isso, que Os Verdes voltem a insistir na necessidade de ter presente que, quando falamos
de investimento público, temos de ter os transportes públicos e, desde logo, a ferrovia presentes na equação.
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Fizemos
este debate colocando um conjunto de questões que nos parecem centrais em matéria de discussão do
Programa Nacional de Investimentos e colocando à cabeça uma das preocupações que nos parece mais
determinante. Refiro-me à exclusão de um conjunto de áreas centrais da vida nacional deste Programa Nacional
de Investimentos.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Questões como a do papel do investimento público no apoio aos setores
produtivos para vencermos um dos principais défices que se coloca ao País, que é o défice produtivo, a ausência
da referência a áreas tão importantes como a saúde, a educação, a justiça, forças e serviços de segurança,
cultura, proteção civil, ciência, todas elas áreas centrais na nossa vida nacional e com um papel determinante
no desenvolvimento do País, encontram-se arredadas da consideração no Programa Nacional de Investimentos
por parte do Governo. E nós compreendemos porquê! Sabemos por que é que isto acontece! Sabemos que isto
resulta das imposições que são feitas pela União Europeia e que o Governo, infelizmente, aceita, em vez de
contrariar.
O Sr. JoãoDias (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sabemos que isto resulta das opções que a União Europeia fez, das
imposições que fez, já na discussão de anteriores quadros comunitários, que o Governo antevê que venham a
ser colocadas para o futuro e, em vez de tomar a opção de defender o interesse nacional, de defender aquilo
que melhor serve os interesses do desenvolvimento do País, toma uma opção de autocensura, incorporando
nas suas próprias opções a aceitação das imposições da União Europeia. Esta é uma opção errada, que devia
ser contrariada para defender os interesses do País!
Aplausos do PCP.
A isto, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, acrescem dúvidas e preocupações, que também colocámos neste
debate, sobre as opções que o Governo toma nas áreas que estão consideradas no Programa Nacional de
Investimentos, em matérias como a das infraestruturas, das comunicações e telecomunicações, da ferrovia, dos
aeroportos, da mobilidade das populações. Colocámos um conjunto de questões concretas, não apenas em
relação às grandes opções que têm de ser tomadas mas em relação à sua tradução concreta nos investimentos
que é preciso realizar para servir as populações, para servir o desenvolvimento e a modernização do País.
A resposta dada pelo Governo quanto ao novo aeroporto de Lisboa e a opção pelo arremedo de aeroporto
no Montijo é notável e verdadeiramente paradigmática das opções que o Governo toma: «aproveita-se o que lá
há e, daqui por 20 anos, logo se volta a discutir se é preciso um novo aeroporto».