I SÉRIE — NÚMERO 1
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O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Repito: apenas o desejo de que as coisas corram mal! Uma perspetiva de
futuro, uma perspetiva de desenvolvimento, uma palavra de aposta na capacidade de Portugal e dos
portugueses não existem!
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Apenas existe aquilo que é o olhar para o passado e desejar que as coisas
não corram bem, como claramente estão a correr, para o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, concluída a fase de debate, passamos agora ao encerramento.
Assim, para a intervenção de encerramento, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
O nosso País continua a precisar de investimento público, sobretudo de investimento público de qualidade.
Investimento que sirva de alavanca para o investimento privado e que possa promover o crescimento da nossa
economia. Investimento que seja capaz de responder às necessidades dos portugueses, em termos de serviços
públicos, que valorize os nossos recursos naturais e a conservação da natureza, que combata as assimetrias
regionais e o abandono do mundo rural.
Certamente que a discussão em torno do investimento público ganharia outros contornos e outro alcance,
não fossem as limitações do tratado orçamental, a obsessão pelo défice — que mais parece uma imposição
divina ou um mandamento — e a dívida pública, que, da forma como está estruturada, continua a representar
um sério obstáculo ao nosso desenvolvimento e a limitar drasticamente as nossas opções.
De qualquer forma, é preciso olhar para o investimento público como um instrumento indispensável para
promover o crescimento da nossa economia, para combater as assimetrias regionais e para melhorar a
qualidade de vida dos portugueses, nomeadamente ao nível dos serviços públicos.
Na verdade, os serviços públicos continuam muito longe de responder às necessidades dos portugueses.
Avolumam-se os problemas na área da saúde e, ainda que não sejam problemas de hoje, mas sim de décadas
de subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), cujo expoente máximo ocorreu com o Governo do
PSD e do CDS, continuam a sentir-se a todos os níveis.
Mas hoje impõe-se um forte investimento no setor da saúde por um motivo acrescido: vivemos um tempo em
que alguns se preparam para lançar uma espécie de OPA (oferta pública de aquisição) ao Serviço Nacional de
Saúde. Procuram enfraquecer ainda mais o Serviço Nacional de Saúde para que a entrega aos privados seja
quase inevitável, tal como aconteceu, aliás, em outras ocasiões e em empresas estratégicas para a nossa
economia.
Consideramos que a saúde é um direito de todos os cidadãos que não deve nem pode ser transformado num
negócio. Por isso mesmo, exige-se que a saúde represente uma prioridade quando falamos de investimento
público.
Mas o investimento público também tem de ser olhado como forma de ver as infraestruturas que são
essenciais para o desenvolvimento nacional, para potenciar a dinamização do nosso aparelho produtivo.
Falamos, por exemplo, dos transportes públicos, que continuam a conhecer atrasos, supressões e redução da
oferta, que estão a afastar as pessoas da sua utilização e que contrariam qualquer política de transporte que se
pretenda sustentável.
Neste quadro, a ferrovia ganha uma importância decisiva. Quando falamos da ferrovia e dos seus problemas
bem sabemos do que falamos, porque Os Verdes têm vindo, durante este verão, a percorrer o País de comboio,
numa iniciativa designada Comboios a Rolar, Portugal a Avançar. Hoje mesmo, Os Verdes estão a percorrer a
Linha do Leste e amanhã estarão a percorrer a Linha de Cascais.
Portanto, bem sabemos dos problemas que a ferrovia está a atravessar e dos problemas que está a criar às
populações, em termos de mobilidade, mas também dos efeitos ao nível da coesão territorial. É por isso que Os
Verdes consideram absolutamente fundamental investir a sério na ferrovia, nomeadamente nas Linhas do Oeste,