I SÉRIE — NÚMERO 14
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O Sr. Pedro Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, agradeço as respostas, mas queria apenas
introduzir um novo elemento neste debate, pois ainda não falámos de descentralização e, do nosso ponto de
vista, quem sabe do interior são as populações que vivem no interior. A ideia de que o Terreiro do Paço conhece
todo o interior, pode decidir e decidirá em função dos interesses do Terreiro do Paço para o interior, parece-nos
que tem de ser invertida também.
Nessa perspetiva, do nosso ponto de vista, descentralização não é municipalização. Compreendo que o Sr.
Ministro tenha dificuldade em falar de medidas que sejam geradas a partir do próprio interior para o seu
desenvolvimento porque, efetivamente, não há órgãos capazes de o fazer, não há órgãos com legitimidade
democrática própria para o fazer e essa é uma discussão que não podemos deixar de ter em conta.
O modelo de gestão territorial que tivemos nas últimas décadas levou-nos a esta situação; se não o
mudarmos, manteremos a situação, porque não vai ser o Terreiro do Paço a mudar, a tirar-nos da situação que
criou para o interior.
Nesse sentido, Sr. Ministro, parece-nos que há uma medida essencial: é necessário dar mais capacidade de
decisão para as estratégias de desenvolvimento do interior às próprias populações do interior.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro Adjunto e da Economia.
O Sr. Ministro Adjunto e da Economia: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Soares, não posso estar
mais de acordo consigo.
As decisões têm de ser tomadas no nível mais próximo da população local. A boa organização administrativa
pressupõe que as decisões sejam tomadas no nível adequado à escala do seu impacto e dos recursos que ela
carece.
O pacote da descentralização que está neste momento a ser aprovado é um passo muito importante nesse
sentido. É importante que decisões que podem ser adequadamente tomadas ao nível municipal sejam
efetivamente descentralizadas para os municípios e que estes sejam capazes de, com isso, ter os recursos
necessários para responder às competências que assim lhes são atribuídas.
Queria dizer-lhe o seguinte: acho que o nível de administração municipal demonstra uma eficácia
absolutamente extraordinária. Mas, mais do que isso, demonstra grande eficiência. Cada euro gasto pelos
municípios é um euro que é mais bem aproveitado do que gasto pela administração central, tem mais impacto
na vida das populações.
É importante que, no caminho da descentralização, para chegarmos ao nível adequado de resposta por parte
da Administração Pública, comecemos por reforçar o nível municipal.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro Adjunto e da Economia: — Vamos ver que caminho poderemos fazer para continuar a trilhar
essa matéria.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, antes de mais, quero cumprimentá-lo e
fazer uma referência à remodelação governamental e ao facto de ter recebido mais uma nova pasta, a da
Economia, encontrando-se também aqui connosco um Secretário de Estado, o Secretário de Estado da
Valorização do Interior, que assumiu agora a Secretaria de Estado respetiva.
Sr. Ministro, queria colocar-lhe uma questão muito focada no seguinte: nunca foi tão evidente para todos o
abandono a que o interior de Portugal está votado como no ano passado, nos grandes fogos ocorridos, em
junho, em Pedrógão Grande, e no dia 15 de outubro.