I SÉRIE — NÚMERO 19
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O Sr. Presidente: — Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, a Mesa regista 11 inscrições para
pedidos de esclarecimento, aos quais o Sr. Ministro responderá conjuntamente, desde logo, aos primeiros três
e, depois, a dois grupos de quatro.
Vamos iniciar com o pedido de esclarecimentos do Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar do PCP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros
do Governo, Sr. Ministro Pedro Marques, tal como temos vindo a afirmar, a proposta de Orçamento do Estado
para 2019 tem inscrito um importante conjunto de avanços, fruto da luta dos trabalhadores e da intervenção
decisiva do PCP, que não apagam uma questão central: o Orçamento é limitado pelas opções que caracterizam
o Governo, que limitam a resposta plena aos problemas do País.
O Governo sabe que o PCP continua a sublinhar a questão do investimento público precisamente por ser
uma vertente essencial onde essa limitação também se verifica. E aqui colocam-se três questões: na dimensão
do investimento orçamentado, na execução do que é orçamentado e na transparência do que é orçamentado.
É que o crescimento anunciado para o investimento público face aos últimos anos tem de ser considerado
não numa lógica de curto prazo, mas numa visão mais ampla. Estamos muito longe dos níveis de 2009, de 2010
ou de 2011, mesmo a preços correntes, e a preços constantes estamos praticamente a metade dos valores de
há uma década no investimento público. E isto traduz-se na vida concreta das pessoas, traduz-se nos comboios
que fazem falta, muito para além dos 22 regionais, e que é preciso reparar, modernizar e adquirir, nos barcos
que é preciso pôr a funcionar — hoje, no Barreiro, a manhã foi novamente insuportável para os utentes e para
os trabalhadores —, na rede viária e ferroviária que é urgente manter e reabilitar, mas também nas escolas,
centros de saúde, esquadras, investimentos de proximidade.
Costuma dizer-se que «o barato sai caro» e, já agora, é disso exemplo o erro trágico, que ainda vamos a
tempo de evitar, do novo aeroporto na Base Aérea do Montijo. Mas coloca-se a questão das obras, que já deviam
estar prontas, e estão em atraso, evidenciando a insuficiente execução do investimento que foi orçamentado.
Há um peso brutal das PPP na despesa, mas falta avançar com obras fundamentais no terreno. É preciso
que o Governo cumpra o que é aprovado, como o PCP, sistematicamente, tem vindo a sublinhar.
Sr. Ministro, queremos aqui reafirmar que a transparência na definição dos investimentos públicos, essenciais
ao desenvolvimento do País, é uma exigência democrática. É impraticável estar a debater o investimento numa
proposta de Orçamento do Estado que não permite analisar em concreto os projetos que estão previstos. É
indispensável uma informação clara e detalhada dos investimentos que dão origem a estes números, por setor
e entidade responsável, com a programação, calendarização, fontes de financiamento, caso contrário, esta
discussão é abstrata e não traduz a vida real.
Este Orçamento contempla várias medidas importantes, uma das quais é uma proposta e reivindicação do
PCP de há muitos anos, que é o alargamento dos passes sociais e a redução dos custos dos transportes para
as populações. Sempre afirmámos que esta é uma questão central, até para a promoção do transporte público.
Mas, para isso acontecer, tem de haver transporte público, tem de haver material circulante em toda a rede —
agora, e não só no regional daqui a uns anos —, tem de haver, na manutenção e operação dos transportes,
mais trabalhadores com direitos e salários justos. E, também por isso, saudamos a luta dos trabalhadores da IP
(Infraestruturas de Portugal) e de todo o setor.
A questão que colocamos, Sr. Ministro, é sobre a fatura que se está a pagar e vai pagar pela opção do
Governo PS em não romper, em matérias essenciais, com essa política de direita que tão mal fez ao País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Luís Moreira Testa, do
Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Sr.as e
Srs. Deputados, Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, o dia de hoje revela um comportamento
inacreditável e incompreensível das bancadas da direita, nomeadamente do PSD.