I SÉRIE — NÚMERO 22
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — … que estão asfixiados e que, na verdade, são os responsáveis por
financiarem, este ano, uma política pública de que os senhores tanto se gabam.
Por isso, antes de anunciarem as medidas, antes de as alargarem para um montante que chegará aos 100
milhões de euros, é bom que se certifiquem de que têm o dinheiro e de que têm os processos para as pagar,
para não serem os privados, afinal de contas, a pagar a política pública.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção, ainda neste ponto, é da Sr.ª Deputada
Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a gratuitidade dos manuais escolares
durante a escolaridade obrigatória é uma das medidas mais importantes de defesa da escola pública e a prova
disso é que ela motiva, aqui, tanto a defesa da escola privada, por parte do CDS, quanto uma intervenção do
PSD, indignado, mais uma vez, pelo facto de o Estado tratar de forma igual alunos pobres e alunos ricos.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — São duas notas de dois sinais de que vamos no caminho certo, de defesa
da escola pública.
Apresentamos, por isso, mais alguns projetos que consideramos essenciais, sendo que dois deles
correspondem a resoluções aprovadas na Assembleia da República.
Um deles é um projeto de universalização da escola pública, seja pela construção, onde ela não existe —
nomeadamente no ensino secundário —, seja pela reabilitação de tantas escolas que ainda precisam de obras.
Tantos grupos parlamentares apresentaram nesta Assembleia tantas resoluções, que agora o que propomos é
uma calendarização dessas intervenções, que todas e todos achamos serem tão importantes para a escola
pública.
A segunda medida é a do reforço do número de profissionais não docentes, a revisão da portaria de rácios,
também já aprovada aqui, na Assembleia da República, e que agora terá de ter tradução orçamental.
Uma outra medida vai no sentido de corrigir uma injustiça, através da repetição de um concurso extraordinário
de vinculação de professores das escolas artísticas públicas. Houve um, no ano passado, que não permitiu
vincular todos os professores. Queremos apenas que o Parlamento tenha tolerância zero relativamente à
precariedade nas escolas artísticas públicas.
Apresentamos, novamente, uma outra medida, que resolve um problema: a gestão pública das cantinas.
Há ainda um último projeto para reverter um dos últimos resquícios da troica na escola pública: a diminuição
do número de alunos por turma, também no ensino secundário.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Porfírio
Silva, do Partido Socialista.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Governo e o Partido Socialista
apresentam neste debate várias propostas relevantes para a educação de qualidade, e para todos, de que o
País precisa.
Também outros partidos da maioria apresentam propostas que concorrem no mesmo sentido e que
acolhemos favoravelmente. Sublinho, desde logo, o alargamento substancial do programa de gratuitidade dos
manuais escolares, respeitando as diretrizes constitucionais aplicáveis à escolaridade obrigatória, não seguindo
aqueles que confundem o Estado social de direito com algumas políticas meramente assistencialistas.
Sublinho, também, a redução do número de alunos por turma, que deverá prosseguir, na linha do que temos
vindo a fazer, com gradualismo e respeitando a continuidade pedagógica das turmas.