6 DE DEZEMBRO DE 2018
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Contribuiremos, em sede de especialidade do processo legislativo, para o debate sobre o modelo territorial,
mas não podemos deixar de adiantar já as nossas profundas preocupações não só com o balanço do modelo
que nos trouxe até ao insucesso, mas também o que se perspetiva.
Diz a atual proposta de alteração do PNPOT, e cito, «as políticas não devem ser conduzidas para reduzir as
diferenças entre as regiões, mas para alargar a base territorial da competitividade». Virá alguém dizer que,
alargada a base territorial da competitividade, se reduzirá a diferença entre regiões, mas a realidade tem
demonstrado o contrário. A lógica da competitividade é a lógica da concentração dos mercados. Por isso, é
necessário haver um ordenamento e um planeamento que compensem esta tendência e que promovam a
coesão territorial e o desenvolvimento sustentado.
Apesar de o conceito de policentrismo ser caro a esta proposta do PNPOT, como o Sr. Ministro referiu, é
questionável o peso que se confere às áreas metropolitanas nos cenários evolutivos. Penso que, cruzado com
o quase desaparecimento dos eixos interurbanos norte-sul do interior, questionam a efetiva adesão à construção
de uma rede policêntrica decisiva para a promoção da coesão territorial.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Esta é uma questão decisiva em matéria de alterações climáticas, porque se associa às ideias de economia,
de proximidade, de circuitos curtos, de multifuncionalidade que deve prevalecer nos territórios rurais como forma
sustentável de assegurar o povoamento, os valores ambientais e os recursos naturais.
Aplausos do BE
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Vilhena,
pelo PS.
O Sr. Luís Vilhena (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado de Ordenamento do
Território e da Conservação da Natureza, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs.
Deputados: Discutimos, hoje, o instrumento de ordenamento do território que serve de matriz a um conjunto de
outros instrumentos, planos e programas que regulam e orientam a transformação do território.
Este documento contém também as referências para a definição da Estratégia Portugal 2030 e a forma como
se irá implementar no território. É, por isso, um documento fundamental, que foi agora objeto de alterações,
tendo sido atualizado em relação à realidade dos nossos dias e aos desafios que se colocam para uma nova
década.
O PNPOT determinará o rumo para a transformação do território e abarca várias áreas de atuação, que vão
desde a gestão dos recursos naturais às políticas de cidade, passando por muitas outras, tendo todas elas
repercussão a nível social, económico e ambiental.
Não podendo discorrer sobre todos os temas e áreas de intervenção, gostaria de sublinhar dois aspetos que
me parecem cruciais para o sucesso do Programa: um é a valorização do território e outro é a sua governança.
Relativamente à valorização do território, este é um tema que tem estado sempre presente ao longo desta
Legislatura. A consciência de que as ações que produzimos sobre o território deixam marcas indeléveis e têm
repercussões durante várias gerações deve tornar-nos mais responsáveis pelas decisões que se tomam e mais
atentos às políticas que se adotam.
Elegendo a valorização do território como um dos principais vetores do Programa Nacional de Reformas,
temos ideia, e acreditamos, que existe um território com enorme potencial, que necessita que o tratem com mais
cuidado e que, essencialmente, se recuperem as feridas que lhe foram acometidas, sobretudo, pela falta de
planeamento ou pelo não cumprimento deste. Por isso, a valorização do território passa, necessariamente, por
uma requalificação da paisagem, pela regeneração urbana e pela reinvenção de sistemas de mobilidade, de
forma a otimizar recursos e a oferecer melhor qualidade de vida aos cidadãos.
Relativamente à governança, é fundamental que os planos e as ações que darão corpo a uma nova estratégia
para o território sejam implementados sob novas formas de governança, mais descentralizada, é certo, mas
também aberta à participação pública. A convocação da cidadania deve ser um dos pilares fundamentais do