7 DE DEZEMBRO DE 2018
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Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PCP está totalmente disponível para, em sede de especialidade, contribuir
de forma ativa e empenhada para que seja encontrada uma solução que, respeitando as decisões do Tribunal
Constitucional, permita às famílias e às mulheres a utilização de gâmetas e de embriões doados sob anonimato.
Aplausos do PCP
O Sr. Presidente: — Antes de passar a palavra à próxima oradora, queria lembrar que haverá votações no
final deste debate. Portanto, peço às lideranças das bancadas que tomem as devidas providências.
Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, do Grupo Parlamentar do
CDS-PP.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PAN, o PCP, o Bloco de
Esquerda, o PS e também o PSD trazem hoje à discussão cinco projetos de lei em tudo idênticos.
A pretexto da regulação do acesso à identificação civil dos dadores de material genético a pessoas nascidas
com recurso a técnicas de procriação medicamente assistida, pretendem moldar, contrariando-a, a decisão do
Tribunal Constitucional que, de forma clara e cristalina, decretou o fim do anonimato dos dadores de gâmetas e
de embriões.
A história é simples e conta-se em menos de 1 minuto: em fevereiro de 2017, o CDS, secundado, na altura,
por alguns Deputados do PSD, requereu a fiscalização sucessiva abstrata da constitucionalidade da lei da
procriação medicamente assistida, com um duplo fim — e só esse e não outros que nos tentam agora imputar
—: impedir o recurso à gestação de substituição, conhecida na gíria por «barrigas de aluguer», e acabar com o
regime do anonimato dos dadores de material genético. Em ambos, obteve ganho de causa e é isso que lhes
custa, Sr.as e Srs. Deputados!
O Sr. Pedro Soares (BE): — Não é, não! É outra coisa!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Hoje, dia 6 de dezembro de 2018, o PAN, o PCP, o Bloco de
Esquerda, o PS e o PSD mostram que não se conformam com a decisão do Tribunal Constitucional de acabar
com o anonimato de dadores…
O Sr. Pedro Soares (BE): — É mesmo isso!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … e constroem todo um regime transitório que, basicamente, tem
este efeito: todas as crianças nascidas com recurso a técnicas de PMA depois de 2023, com algumas pequenas
diferenciações, admito, têm direito à sua identidade genética; todas as crianças nascidas por processos de PMA
antes de 2023, com uma ou outra diferenciação, não têm direito à sua identidade genética. É isto, e só isto, que
defendem.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Mentira!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — E é disto, e só disto, que discordamos frontalmente — nós e o
Tribunal Constitucional.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Não é nada disso!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — As Sr.as e Srs. Deputados justificam-no dizendo que há planos de
vida destruídos, milhares de embriões que correm o risco de ser deitados ao lixo, ciclos de PMA interrompidos,
mulheres que deixarão de ser mães por estarem no limite de idade.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Há mesmo e tudo por vossa culpa!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Isso é mentira?!