I SÉRIE — NÚMERO 26
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O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra, em primeiro lugar, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Isabel Pires.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, relativamente à intervenção
do CDS, a primeira nota que queríamos deixar é a de que este debate merece mais seriedade, Sr.ª Deputada.
É que quanto à questão que levantou da identidade genética e do acesso à identidade genética, esse acesso
sempre existiu…
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — … e, portanto, é um falso argumento. Está a tentar desviar o debate!
Aplausos do BE e do PS.
Sr.ª Deputada, de seriedade neste debate precisa-se, e muito!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Querem enganar as pessoas?!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Mas a evolução dos procedimentos da procriação medicamente assistida são
um marco muito importante para o País, seja do ponto de vista científico, seja do ponto de vista social e das
famílias.
Esta Assembleia da República teve já a oportunidade de alargar o acesso à técnica de PMA a todas as
mulheres, bem como de regular o acesso à gestação de substituição. E foi um momento importante, que deu
esperança e deu um novo fôlego à vontade de milhares de mulheres que pretendiam aceder a essas técnicas
sem se esconderem, sem terem de viajar para fora do País como se fossem criminosas, dando, finalmente,
concretização ao seu projeto de vida com dignidade.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Mas este momento, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, foi interrompido. Foi
interrompido pelo CDS,…
Protestos da Deputada do CDS-PP Vânia Dias da Silva.
… que hoje vem tentar disfarçar a responsabilidade que tem nessa mesma interrupção, da mesma forma
que, em 2006, o CDS decidiu enviar as leis aprovadas para o Tribunal Constitucional. Já o dissemos, este
considerou que o alargamento da PMA a todas as mulheres não afronta a Constituição!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Isso mesmo!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — E teve o mesmo entendimento sobre o regime jurídico criado para a gestação
de substituição.
Portanto, nem a PMA alargada a todas as mulheres nem a gestação de substituição foram declaradas
inconstitucionais.
No entanto — já o dissemos também —, algumas das suas normas foram assim consideradas,
nomeadamente a norma que garantia o anonimato dos dadores de gâmetas e, no caso da gestação de
substituição, considerou-se que a possibilidade de arrependimento da gestante deveria estar garantida até ao
fim da gravidez. É este o debate que o Bloco de Esquerda vem fazer. É a estas questões que o Bloco de
Esquerda dá, hoje, resposta, para melhorar a lei e desbloquear, de uma vez por todas, a lei.