12 DE DEZEMBRO DE 2018
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para formular perguntas, tem a palavra, em representação do
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que comece por dizer que,
hoje, estou verdadeiramente espantada com a direita. Não estava à espera destes novos porta-vozes das
reivindicações sindicais no Plenário da Assembleia da República.
Protestos do PSD.
Só tenho a seguinte perplexidade: onde é que os senhores estavam quando — não foi há quatro anos, foi
neste mês — se votou no último Orçamento do Estado a contagem do tempo de serviço dos técnicos superiores
de diagnóstico e terapêutica quando fizessem a transição para a nova carreira?
Aplausos do BE.
Onde é que os senhores estavam? Não foi há quatro anos, foi neste mês, no debate do Orçamento do Estado,
que propusemos que todos os enfermeiros tivessem progressão na carreira, mesmo os que têm contratos
individuais de trabalho e estão a ver essa progressão negada por algumas instituições.
Que me lembre, o vosso voto ajudou a chumbar as mesmas reivindicações de que hoje aqui se fazem porta-
vozes. Haja decoro! Haja limites para a hipocrisia!
Aplausos do BE.
O Bloco de Esquerda apresentou as propostas e os senhores ajudaram a que elas fossem chumbadas.
Sr. Primeiro-Ministro, sabemos da hipocrisia da direita — lembramo-nos bem do que fizeram no seu mandato
— e sabemos que destruir é sempre muito mais rápido do que construir, mas também é certo que permanecem
estrangulamentos injustificáveis nos serviços públicos.
Protestos do PSD.
Esses estrangulamentos estão na falha de equipamentos nos hospitais, nas escolas, nos tribunais, nas
prisões, mas também está nos problemas das carreiras que se arrastam há tempo demais.
O Sr. DuarteMarques (PSD): — A culpa é do Bloco de Esquerda!
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — O Governo tem vindo a adiar as soluções para as mais variadas carreiras
— forças de segurança, magistrados, oficiais de justiça, professores, técnicos superiores de diagnóstico e
terapêutica, enfermeiros — e, com isso, está a deteriorar a situação.
Os profissionais veem os seus problemas adiados e estão a trabalhar em serviços públicos depauperados.
É uma combinação desastrosa.
Não temos sequer de concordar com todas as formas de luta para concordar com as justas reivindicações
destes trabalhadores.
Vozes do PSD: — Ah!…
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Para o Bloco de Esquerda, é certo que não se pode negar visitas no Natal
a quem está preso e é certo que os enfermeiros têm reivindicações justíssimas — e não devem alienar o apoio
popular a essas reivindicações por uma estratégia de luta que é incompreensível —, mas não é menos certo
que cabe ao Governo dar o passo essencial, que é o de ter a humildade de ouvir, a capacidade de dialogar, de
negociar em vez de empatar e de resolver os problemas em vez de os adiar.