12 DE DEZEMBRO DE 2018
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, muito obrigada.
Sabe, Sr. Primeiro-Ministro, o problema é quando olhamos para os números do investimento e da despesa
em serviços públicos essenciais e vemos que esse número está abaixo, em percentagem do PIB, do que estava
antes. Isso não tem a ver com fazermos já tudo, muito depressa, ou de uma vez, tem a ver com o facto de
acharmos que a educação, a saúde ou os transportes precisam ou não dessa fatia da riqueza que produzimos.
E cada vez gastamos menos naquilo que é essencial!
O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, coloco-lhe duas últimas questões.
Há quase um ano, o Governo prometeu apresentar uma proposta de lei de bases da saúde. Como sabe a de
António Arnaut e João Semedo, entregue pelo Bloco de Esquerda, está aqui desde junho na comissão
especializada. Pergunto: quando é que o Governo apresenta a sua proposta? Quando é que vamos avançar?
A última pergunta que lhe coloco é sobre a vinculação de precários. O PREVPAP (Programa de
Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública) já tem resultados e está a
permitir a vinculação de trabalhadores que eram precários há décadas, mas há setores que estão a resistir à
aplicação da lei. Existem empresas, como a RTP, universidades, centros de investigação e outros serviços
públicos que insistem em critérios ilegais de exclusão e nós queremos saber se o Governo vai agir para obrigar
à integração de todos os precários, porque sabemos que esta é uma das reformas estruturais mais importantes
deste mandato. Onde havia precariedade pode haver equipas a trabalhar em serviço público. Essa é toda a
diferença e ninguém pode ficar para trás.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Obrigado, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada Catarina Martins, quanto à Lei de Bases da Saúde, eu tinha dito que até ao final do ano entraria
na Assembleia da República. Como esse diploma irá, na próxima quinta-feira, a Conselho de Ministros, antecipo
que, entre sexta-feira e segunda-feira, possa dar entrada na Assembleia da República para cumprirmos o prazo
que tínhamos estabelecido.
Aplausos do PS.
É uma lei que assenta em quatro eixos fundamentais: primeiro, na adaptação ao século XXI, às inovações
tecnológicas, às novas tendências demográficas e às novas formas de prestação de cuidados; em segundo
lugar, na clarificação entre o que deve ser da responsabilidade do setor público, do setor privado e do setor
social; em terceiro lugar, na centralidade nas pessoas e nos resultados em saúde para cada uma das pessoas;
e, finalmente, no reforço do investimento em inovação e investigação, que são essenciais à melhoria da
qualidade de saúde futura.
Relativamente à precaridade, de facto, no PREVPAP, temos tido resultados e é preciso continuar a alargar
esses resultados, mas é preciso continuar a combater a precariedade também no setor privado.
É verdade que 87% do novo emprego tem sido com contratos sem termo, mas é preciso fazer mais e melhor
e, por isso, espero que a Assembleia da República aprove rapidamente a proposta de lei que o Governo
apresentou para combater a precariedade, designadamente eliminando duas das condições fundamentais para
permitir contratos a prazo — deixar de ser possível o contrato a prazo por ser jovem à procura do primeiro
emprego ou desempregado de longa duração —, aplicar as sanções em taxas a quem abuse da rotatividade,
diminuir o tempo previsto do contrato a prazo e permitir que o tempo dos estágios passe a contar para a
contabilidade do tempo.
Esta lei, que aguarda a aprovação da Assembleia da República, é também fundamental para alargar o
combate à precaridade no setor privado.