I SÉRIE — NÚMERO 28
22
É nossa convicção que o Governo não adia os problemas por incompetência ou por desleixo; adia-os porque
está convicto de que é mais importante a corrida do défice com Bruxelas do que resolver os défices do País. E
isso é um erro.
Protestos do Deputado do PSD Duarte Marques.
Sr. Primeiro-Ministro, as tantas negociações de carreiras — aliás, não são negociadas, são só adiadas e
nunca mais chegam ao fim — são uma sombra nesta Legislatura.
A pergunta que lhe faço é a seguinte: o Governo tem algum calendário para atingir resultados que se vejam
em nome destes trabalhadores e dos serviços públicos que deles precisam?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, como sabe, uma prioridade
deste Governo é a revalorização da centralidade dos serviços públicos como direito fundamental dos cidadãos.
É o que temos feito nas escolas, é o que temos feito no sistema de justiça, é o que temos feito em particular no
Serviço Nacional de Saúde.
É por isso que vamos chegar ao final da Legislatura com mais 100 unidades de saúde familiar. É por isso
que temos mais de 200 escolas em obras. É por isso que temos centenas de centros de saúde em construção.
É por isso que vamos lançar mais cinco novos hospitais. É por isso que concluiremos a Legislatura repondo os
1200 milhões de euros que a direita cortou no Serviço Nacional de Saúde. É isso tudo que temos feito.
Precisamente por sabermos bem que não há bons serviços públicos sem profissionais motivados e por
sabermos que não basta termos profissionais motivados para haver bons serviços de saúde que temos de gerir
os recursos orçamentais de que dispomos de forma a satisfazer as necessidades de investimento em
equipamentos, em instalações e em contratação de pessoal.
Se temos mais 9000 profissionais no Serviço Nacional de Saúde do que tínhamos em 2015 é porque
aumentámos o investimento. Provavelmente, se tivéssemos seguido outra política orçamental não teríamos
esses mais 9000 profissionais.
A direita, perante as mesmas regras, o que fez foi cortar 1200 milhões de euros, enquanto nós, perante as
mesmas regras, aumentámos 1200 milhões de euros.
É com essa estratégia que iremos prosseguir e é na mesma base que temos vindo a negociar.
Como sabe, aliás por experiência própria, este Governo negoceia. Negociámos os Orçamentos para 2016,
2017, 2018 e 2019, e temos negociado tantas e tantas matérias. Portanto, sabe bem que este Governo pode ter
muitos defeitos, mas não o pode acusar de falta de vontade para negociar e para chegar a acordo.
Sr.ª Deputada, também o temos feito com a generalidade dos sindicatos. Há negociações que são mais
fáceis e outras que são mais difíceis, mas ninguém deseja mais concluir este processo negocial do que o
Governo. Ninguém deseja mais do que o Governo que seja restabelecida a normalidade com a paz social nos
diferentes serviços.
Para negociar é preciso que ambas as partes se entendam e cheguem a acordo. Acho sinceramente que,
em alguns casos, já estivemos mais distantes, noutros continuamos muito distantes e noutros ainda estamos
praticamente a concluir as negociações.
Devemos prosseguir as negociações com espírito construtivo, como temos feito, porque é essencial,
sabemos bem, que os nossos funcionários tenham boa motivação para termos bons serviços públicos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, de novo, a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não há no País quem não saiba como
esta Legislatura contrasta com o trágico Governo PSD/CDS. Sobre isso estamos de acordo.