11 DE JANEIRO DE 2019
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Isto, para dizer que, a nosso ver, o branqueamento de capitais, o
peculato, a corrupção ou os outros ilícitos fiscais e mesmo criminais que, normalmente, estão associados a este
tipo de vistos não são menos graves nem deixam de ser crimes apenas porque o investimento que dá suporte
ao visto tem uma cobertura ambiental. Em qualquer dos casos, independentemente da cor dos vistos, estaremos
sempre a falar de crimes, e de crimes que se impõe combater com toda a firmeza e com toda a responsabilidade
democrática, não abrindo mais portas que potenciem a sua prática, como a proposta do PAN, certamente,
potenciaria.
De facto, para Os Verdes, o que se impõe é acabar com esta imoralidade e não abrir mais portas a um
mecanismo que favorece a importação da corrupção e da criminalidade organizada.
Mas Os Verdes não são contra estes mecanismos apenas porque potenciam a prática de crimes económicos,
independentemente da cor dos vistos. Na verdade, aquilo a que temos assistido é que estes instrumentos, os
vistos gold, mais do que representarem um apoio ao investimento estrangeiro criador de emprego — que, aliás,
no nosso País, diga-se de passagem, foi zero —, são um meio eficiente para comprar a autorização de
residência. Esta é a questão central.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Ou seja, este mecanismo, seja gold ou seja green, é uma forma
encapotada de criar uma discriminação absolutamente condenável e inadmissível, de estabelecer cidadãos de
primeira — os que têm 500 000 € para adquirir um imóvel ou para investir na agricultura biológica e, como
prémio, têm a sua autorização de residência — e cidadãos de segunda — os que, não tendo esse dinheiro,
ficam sujeitos a um verdadeiro martírio para conseguir a respetiva autorização de residência.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Ora, estender uma passadeira, seja dourada ou verde, para
autorização de residência a quem tem dinheiro, enquanto os que não têm dinheiro ficam sujeitos a um calvário
de espinhos burocráticos, e não só, é, a nosso ver, verdadeiramente inaceitável, pouco digno,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Apoiado!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — … estranho a um Estado de direito democrático e, sobretudo, um
monumental atentado aos direitos humanos!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Portanto, face ao que fica dito, acompanhamos a proposta do Bloco
de Esquerda, de acabar com os vistos gold, porque também consideramos que, num Estado de direito
democrático, os direitos não se podem reduzir a uma mercadoria que se compra e vende, como se fosse um
sabonete, mas não podemos acompanhar o PAN, que, aliás, nesta matéria, vai muito mais longe do que a
própria direita.
Aplausos do BE e do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José de Matos Correia.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, pelo PSD, o Sr. Deputado Carlos Peixoto.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começaria com uma declaração
prévia, porque fui o relator do projeto do Bloco de Esquerda, relativo aos denominados «vistos gold». No meu
parecer, que — saliente-se — foi aprovado por unanimidade,…