11 DE JANEIRO DE 2019
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afirma-se a necessidade de capacitar diferentes profissionais que trabalham no sistema, a necessidade de lhes
conferir aptidões para trabalhar e para interagir com as famílias. Mais um diagnóstico certíssimo!
Conviria, a este propósito, recordar que foi com o anterior Governo que foram criados os centros de apoio
familiar e aconselhamento parental, os CAFAP, precisamente destinados a apoiar as famílias que necessitam e
que têm em si crianças e jovens em risco. Estes centros tinham o objetivo de dar uma resposta às famílias, para
acompanhar estas crianças e jovens em risco. O Governo anterior criou-os, este Governo, praticamente, pô-los
na gaveta e sobre isto não há qualquer desenvolvimento.
A Sr.ª Laura Monteiro Magalhães (PSD): — É verdade!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Portanto, a resposta que aqui é dada a estes dois diagnósticos,
ou seja, a criação de um financiamento para as instituições de ensino superior, levanta-nos algumas dúvidas.
Não temos a certeza, pelo contrário, temos muitas dúvidas de que seja o caminho ajustado para responder aos
diagnósticos. Fortalecer os CAFAP, sim; criar uma rede de apoio familiar, sim, tal como já tem sido proposto,
por parte do CDS.
No entanto, naturalmente, por parte do CDS, face à urgência, face à necessidade, não inviabilizaremos esta
iniciativa, apesar de não deixarmos de manifestar as reservas que aqui expressámos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — A Mesa não regista inscrições, apesar de haver vários grupos parlamentares que ainda
não intervieram.
Pausa.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, peço desculpa, se me permite, gostaria de usar da
palavra sobre esta matéria.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, Sr.ª Deputada Maria Augusta Santos.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos hoje a debater o
Projeto de Resolução n.º 1692/XIII/3.ª, através do qual o PSD propõe ao Governo a criação de uma linha de
financiamento para instituições de ensino superior, vocacionadas para a promoção e proteção de crianças e
jovens em risco.
A promoção dos direitos das crianças e jovens constitui um desígnio nacional. Nesse sentido, é fundamental
que as diversas instituições com competências nesta matéria, desde a educação, à saúde e à segurança social,
estejam focadas em capacitar profissionais e estudantes que lhes permitam intervir, de forma efetiva e eficaz,
na problemática das crianças e dos jovens em risco ou em perigo, particularmente na área da prevenção.
A proteção da família e das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, com particular atenção para
as crianças em risco ou em perigo, é uma prioridade assumida pelo atual Governo. Porém, trata-se de uma
matéria que não se enquadra, de forma direta, na área governativa da ciência, da tecnologia e do ensino
superior.
Contudo, esta área governativa tem participado nesse relevante esforço governamental, por via do
financiamento de unidades de investigação, de projetos de investigação, de projetos de doutoramento e de
contratação de investigadores nas áreas científicas relevantes para o sistema de promoção e proteção de
crianças e jovens em risco. Esse financiamento, através da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), apoia,
atualmente, diversos projetos nas áreas científicas sobre essa temática. Destaco a existência de uma bolsa de
doutoramento e de uma bolsa de pós-doutoramento, para além de diversas unidades de investigação. Neste
momento, há 13 projetos de investigação sobre a temática em debate, cujo financiamento público é superior a
2 milhões de euros e que envolvem diversas entidades.
Acresce que a opção apresentada no projeto de resolução em apreço implicaria a afetação de verbas
adicionais da FCT, não estando asseguradas as condições orçamentais necessárias para a sua concretização.