I SÉRIE — NÚMERO 39
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resolver, mas o desiderato e o propósito mantêm-se e, da nossa parte, contará com o nosso apoio para procurar
resolver e colaborar com o Governo, no sentido de ultrapassar este problema.
E disto isto, num debate sobre financiamento do ensino superior e sobre custos, é importante que recordemos
aquilo que o atual Governo e a atual maioria que o suporta têm feito, porque o balanço é positivo, seja no
Programa +Superior, em que se majorou o valor anual da bolsa de mobilidade, seja no valor do complemento
de alojamento, que aumentou, passando a poder ir até 40% do IAS (indexante dos apoios sociais), seja nas
medidas adotadas em relação aos estudantes com necessidades especiais, que também passam a ter acesso,
como antes não tinham, à atribuição de bolsas, seja através da já referida redução de propinas, seja através da
previsão que temos vindo sistematicamente a inserir em Orçamento do Estado.
Fica, pois, demonstrado que aquilo que a Sr.ª Deputada do PCP também dizia é o que está a ser feito: olhar
para os dois lados do problema, aumentar e reforçar a capacidade de apoio da ação social direta e indireta e
aumentar, através da redução das propinas, o rendimento disponível dos agregados familiares.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Mas, acima de tudo — e queria deixar esta nota para concluir esta intervenção —, o ambicioso programa de
construção de residências, inovador, que, pela primeira vez, encara o problema do alojamento como estruturante
para qualquer estudante do ensino superior e que, graças também aos esforços que esta maioria foi
introduzindo, representa um número muito substancial.
Portanto, neste sentido, Sr. Deputado, enfatizaria aquilo que está a correr bem, mas também concordo que
há muito trabalho ainda por fazer, para o qual estamos disponíveis.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Monteiro.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero agradecer as questões colocadas
pela Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do PCP, e pelo Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Partido Socialista, e
aproveitaria para responder em conjunto a algumas das questões que, na verdade, se articularam.
A primeira refere-se à importância de uma resposta nas várias vias: por um lado, combater as propinas que
temos hoje e, por outro lado, garantir um sistema de ação social mais robusto e capaz de resolver os problemas.
Aliás, sobre esta matéria convido os Srs. Deputados a atentarem no argumentário que a direita tem utilizado
muitas vezes, principalmente nestes últimos meses, após a descida das propinas: acusam a maioria
parlamentar, que aprovou a descida das propinas, de, com esta medida, aumentar os impostos, dizendo: «Só
vão conseguir baixar as propinas se aumentarem os impostos». Mas, depois, quando propõem mais bolsas de
ação social já não dizem que se aumentam os impostos.
Portanto, é todo um argumentário altamente falacioso sobre as contas do Estado e que esquece uma coisa
importantíssima: o sistema de impostos que temos no País é um sistema de impostos progressivo e, por isso,
quem ganha mais, paga mais e, quem ganha menos, paga menos. E é justamente a partir daí, é justamente a
partir dessa coleta que se investe na universalidade do Estado social e dos serviços públicos.
Portanto, não, Srs. Deputados, não se promove a equidade no acesso ao ensino superior à porta das
faculdades, com o cheque da propina; a equidade no acesso ao ensino superior faz-se, sim, com base num
sistema de impostos progressivos, e é isso que a direita tanto quer atacar, porque não concorda com aquilo que
a Constituição da República Portuguesa diz, nomeadamente sobre a gratuitidade progressiva de todos os graus
de ensino. É isso que chateia os «falcões» neoliberais que neste momento querem, sim, apostar numa mera
lógica de serviço de ação social que responde apenas a uma minoria daqueles que não conseguem aceder ao
ensino superior, ao invés de apostar na universalidade do sistema.
Protestos do Deputado do PSD Jorge Paulo Oliveira.