17 DE JANEIRO DE 2019
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Outro exemplo é termos o Ministro preso aos objetivos impostos pelo Ministro do Ambiente, para quem o
mundo rural e a atividade agrícola são uma mera paisagem, mostrando a maior das desorientações.
Vejamos: o Ministro do Ambiente quer diminuir a água para a agricultura, o Ministro da Agricultura apresenta
um Programa Nacional de Regadios; o Ministro do Ambiente quer reduzir o efetivo bovino, o Ministro da
Agricultura diz que não; o Ministro do Ambiente quer aumentar a área de floresta e de eucalipto nos próximos
30 anos, o Ministro da Agricultura quer proibir. Depois, vemos também o Ministro da Agricultura aprisionado a
um conjunto de decisões e de afirmações da Ministra da Cultura que põem em causa atividades tão importantes
para o mundo rural.
No final de tudo, quem é que manda? Qual é o caminho que temos para a agricultura em Portugal? Qual é a
política agrícola nacional? Quem a define? Quem manda? É o Ministro das Finanças, o Ministro do Ambiente, a
Ministra da Cultura ou, mesmo, lá no fundo, o Ministro da Agricultura?
Sr.ª Deputada, deixo-lhe as seguintes questões: considera ou não, tal como o PSD tem defendido, que é
urgente desenvolver uma estratégia para a política agrícola nacional? Concorda ou não que o Ministro da
Agricultura tem tido falta de afirmação política dentro do seu atual Governo? Considera ou não que o Ministro,
preso às finanças, ao ambiente, à cultura, aos partidos da extrema-esquerda, tem liberdade para criar, inovar e
dinamizar o mundo rural?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, tem a palavra para responder.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, queria agradecer ao Sr. Deputado Carlos Matias e ao
Sr. Deputado Nuno Serra pelas questões que me colocaram e que são muito pertinentes.
Sr. Deputado Carlos Matias, gostaria de lhe dizer que lamento que a visão para a agricultura e a estratégia
para o setor agrícola do Bloco de Esquerda se limitem à Casa do Douro.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Zero!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — De facto, estive hoje presente, tal como o Sr. Deputado, na audição,
com um enorme conjunto de entidades que vieram falar da Casa do Douro e das suas preocupações. O que
ouvimos foi que a CIM defendeu algo que não representava todas as freguesias que lá estavam também e que
não se sentiam representadas. Mas, sobretudo, Sr. Deputado, ouvimos os produtores, todos aqueles que
produzem vinho, porque a Casa do Douro não é das autarquias,…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Nem é dos políticos que querem mandar para lá!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — … é dos viticultores, é dos que produzem e vendem vinho, e é a esses
que a Casa do Douro deve servir. A Casa do Douro deve servir os interesses dos viticultores durienses e deve
continuar a pacificar e a deixar pacificado o setor vitícola duriense. Foi isso que ouvimos dizer de quem
representa o setor e que está contra o projeto do Bloco de Esquerda, apoiado, também, pelo projeto do PS.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — No que diz respeito às questões do Sr. Deputado Nuno Serra, queria
dizer-lhe que, de facto, não podia estar mais de acordo com aquilo que nos apresenta. Aliás, ouvimos o Sr.
Ministro do Ambiente dizer que quer menos vacas e vimos o Sr. Ministro da Agricultura vir logo a correr dizer
que a redução de bovinos não vai resolver a descarbonização. Vimos a Sr.ª Ministra da Cultura defender uma
cultura do gosto, dizendo que é uma questão civilizacional…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!