1 DE FEVEREIRO DE 2019
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Heitor de
Sousa.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados:
O Partido Socialista propõe-nos hoje uma discussão sobre o Programa Nacional de Investimentos 2030 que, no
seu entendimento, irá definir os investimentos estratégicos que o País deverá lançar na próxima década.
Não duvidamos que esse desígnio não possa acontecer e ser cumprido da melhor forma possível, só que
entendemos que a decisão do Partido Socialista de suscitar a apreciação pela Câmara a um pronunciamento
deste programa estratégico é, no mínimo, estranha e, sobretudo, extemporânea.
Estranha, porque foi o próprio Partido Socialista que, pela mão do Sr. Presidente da Assembleia da
República, Deputado Ferro Rodrigues, propôs e aprovou a Resolução n.º 34/2018, que criou uma comissão
eventual para a definição da «Estratégia Portugal 2030», no âmbito do quadro financeiro plurianual da União
Europeia pós-2020. Ora, essa comissão está ainda na fase preliminar de elaboração de um contributo para a
definição da «Estratégia Portugal 2030».
Querer definir, agora, os tais investimentos estratégicos para o País na próxima década é passar um atestado
de inutilidade aos trabalhos que a comissão eventual está a tentar produzir, independentemente de tudo o que
possamos pensar de acerto ou de desacerto do que se conhece. Estou a falar quer do conteúdo do relatório,
quer, sobretudo, dos enormes constrangimentos da política europeia que pesam sobre o processo de definição
do próximo quadro financeiro plurianual 2021-2027, que tem o selo da atual Comissão Europeia.
Isto é extemporâneo, porque, aparentemente, o Partido Socialista, neste projeto de resolução, toma como
boas e definitivas todas as intenções que o Governo anunciou no enunciado da proposta do PNI 2030, a qual
foi recentemente completada com diversos investimentos nas áreas principais do seu enunciado, a saber:
mobilidade e transportes, ambiente, energia e regadio.
Mas o que sobretudo nos deixa perplexos é que seja o próprio PS a reclamar, na exposição de motivos do
projeto de resolução, a necessidade de submeter o PNI 2030 ao Conselho Superior das Obras Públicas para
apreciação e parecer, desdizendo esta afirmação no parágrafo seguinte por considerar que, previamente à
submissão ao Conselho Superior das Obras Públicas, se pretende que o PNI 2030 reúna amplo consenso.
Portanto, Srs. Deputados, o que o Partido Socialista parece revelar é muita pressa na aprovação da sua
proposta, e isso revela-se a contrario do que diz e até do que faz ou sobretudo do que não faz. Mas, ao fazê-lo,
viola a sua própria regulamentação, aprovada pelo Governo, em matéria de competências e de responsabilidade
do Conselho Superior das Obras Públicas.
Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados do Partido Socialista, se o Conselho Superior das Obras Públicas
não serve para dar parecer prévio sobre projetos estratégicos de tão grande relevância, então é melhor, pura e
simplesmente, acabar com o Conselho Superior das Obras Públicas e passar a discutir e a votar, neste
Parlamento, as propostas que o Governo tem para nos oferecer.
Finalmente, para terminar, sobre as propostas que o Governo tem para nos oferecer, nós, em títulos,
podemos porventura estar de acordo com muitos dos enunciados, mas já sabemos — e temos vindo a receber
imensas queixas e contributos de todo o País — que muitos dos seus enunciados e dos títulos não são nada
consensuais.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, peço-lhe que termine a sua intervenção.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — É preciso discutir, esclarecer e, sobretudo, confrontar as várias alternativas
para os vários projetos estratégicos que podem servir o nosso futuro na próxima década.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Peixoto, do Grupo Parlamentar do
PSD, para uma intervenção.