7 DE FEVEREIRO DE 2019
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Aplausos do BE e da Deputada do PS Elza Pais.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, o Governo tem tido um extremo
cuidado em, primeiro, não confundir os profissionais, os enfermeiros, com aquela que é a atuação da sua Ordem
e, em particular, da sua Bastonária.
Temos tido também o cuidado de não confundir a atuação dos sindicatos, que, de uma forma absolutamente
legítima, têm exercido o direito à greve, constitucionalmente garantido, daqueles outros que o têm feito de uma
forma ilegal, com crueldade para com os seus utentes e de uma forma que em alguns casos é verdadeiramente
selvagem.
Aplausos do PS.
Não confundimos nada disto e é por não confundirmos nada disto que estamos bem conscientes da
importância dos enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde.
Recuperemos um pouco de memória acerca do que aconteceu ao longo destes três anos: o salário foi
reposto; o horário das 35 horas foi reposto, para quem o tinha perdido; esse horário foi alargado para todos os
enfermeiros que, tendo sido contratados com contrato individual de trabalho, tinham tido sempre, desde a
origem, um contrato de 40 horas; foi reposto o pagamento das horas extraordinárias; foi reposto o pagamento
das horas de qualidade; foi criado um subsídio de 150 € para os enfermeiros especialistas; foram contratados
4000 novos enfermeiros; está já autorizada a abertura de um concurso, que abrirá muito em breve, de mais 500
novos enfermeiros; e, neste processo negocial, já aceitámos a principal reivindicação, que era a da reposição
de uma carreira pluricategorial, com a criação, para além da categoria de enfermeiro, das categorias de
enfermeiro especialista e de enfermeiro gestor.
Portanto, temos estado neste processo negocial, como sempre, com total abertura.
Agora, quando a questão se coloca no ponto de reivindicar que o início de uma carreira, que, mesmo nos
tempos de crise, foi, apesar de tudo, revalorizada e tem agora, como base de entrada, os 1200 €, passe a ter
como base de entrada os 1600 €, isso, Sr.ª Deputada, com toda a franqueza, o País não tem condições de fazer,
não é justo para outras carreiras paralelas onde estas condições não existem e, sendo obviamente legítimo a
qualquer ser humano ter a ambição de ganhar melhor, é também o dever de qualquer governante saber medir
o que é justo e o que é injusto e quais são as condições para prosseguir o avanço. O avanço é aquilo que temos
de conseguir e é isso que iremos continuar a fazer, mas não nos peçam para fazer o impossível, porque, de
facto, isso nós não fazemos!
Essa ideia de que, de repente, tudo é possível, já e ao mesmo tempo, é uma ideia completamente errada,…
Protestos do Deputado do BE Heitor Sousa.
… altamente perniciosa e cujo único efeito útil é o de pôr em causa a irreversibilidade de todas as conquistas
que conseguimos ao longo destes três anos.
Para isso, Sr.ª Deputada, comigo ninguém contará!
Os passos que demos à frente não foram para agora dar qualquer passo atrás, mesmo que depois se
perspetivem novos passos à frente. Não! O caminho deve continuar a ser feito, passo a passo, sem darmos um
passo maior do que a perna, com segurança e com a certeza de que não podemos estar numa lógica de «agora
ou nunca», porque, felizmente, o nunca está muito longe e há ainda muito futuro para caminhar. É esse caminho
que iremos continuar a fazer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, ainda, a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.