I SÉRIE — NÚMERO 48
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Governo português, algumas delas com a sinalização de urgência. O que esperamos é que elas possam ser
rapidamente acolhidas.
Sr. Primeiro-Ministro, a minha primeira pergunta — e já irei às questões da saúde, que hoje trouxe a este
debate — tem a ver com um ponto importante que, na perspetiva do CDS, deve ser esclarecido e que se prende
com os impostos europeus.
No dia 9 de janeiro, no almoço do Comissário Moscovici com os representantes dos vários Estados-Membros,
foi lançada a proposta no sentido de abandonar a regra da unanimidade quanto à criação dos impostos
europeus. Muitos países não se pronunciaram, outros terão intervindo contra, como é o caso da Irlanda e da
Suécia, e quatro países pronunciaram-se a favor: Portugal, Espanha, França e Itália.
Já no dia 5 de dezembro, o Sr. Primeiro-Ministro, num debate em Lisboa, afirmava que concordava com o
fim da regra da unanimidade.
Em janeiro, houve uma comunicação da Comissão Europeia que abriu caminho a isso mesmo.
Portanto, impõe-se perguntar se o Governo português vai ou não defender o abandono da regra da
unanimidade para criar impostos europeus e se vai ou não retirar a Portugal o direito que hoje lhe assiste, que
é o direito de veto.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, efetivamente, defendemos que haja um
aprofundamento da União em matéria de tributação europeia. Como todos sabemos, estamos num quadro onde
haverá menor receita da União com a saída do Reino Unido, onde há novas necessidades da União no combate
ao terrorismo, em matéria de defesa, em matéria de política migratória, necessidade de maior investimento em
inovação.
Todos defendemos unanimemente, nesta Câmara, que não haja cortes na política de coesão nem cortes na
PAC (Política Agrícola Comum) e, em particular, que não haja cortes no segundo pilar.
Ora, se temos menos receita, mais despesa e não queremos a rearrumação das despesas, temos de
encontrar formas de financiamento alternativas. Essas formas de financiamento alternativas são simples: ou a
transferência dos impostos nacionais de cada um ou a criação de impostos europeus. Julgamos que deve haver
um misto e, por isso, já dissemos que Portugal está disponível para contribuir mais, na medida em que todos os
outros países contribuam mais.
Porém, julgamos útil a essência de impostos europeus. Porquê? Porque há um conjunto de atividades cuja
territorialização a nível de cada um dos Estados-Membros é particularmente difícil, mas que se torna mais fácil
a sua cobrança à escala europeia. Um caso exemplar é o das transações financeiras. Já desde o Governo
anterior que participámos no projeto de uma cooperação reforçada. Outra área clara é a da economia digital,
onde os países que deviam cobrar não cobram e os países que querem cobrar não conseguem cobrar.
Ora, se não o podemos fazer à escala nacional, podemos fazê-lo com vantagem à escala europeia e devemos
criar condições para que possamos avançar nesse sentido se queremos, efetivamente, que países como
Portugal não vejam sacrificada a política de coesão, não vejam sacrificada a PAC ao sabor das novas
necessidades de financiamento pela perda de um contribuinte importante, como é o Reino Unido.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, as duas questões são
diferentes.
Uma tem a ver com a necessidade de reforçar o orçamento da União Europeia e, quanto a isso, sabe que a
posição do CDS é a de que devemos contribuir mais para o orçamento da União Europeia. Sobre isso, não há
divergências.