I SÉRIE — NÚMERO 48
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Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Mas para que a memória não nos traia é bom relembrar aquilo que também
já aqui foi dito esta tarde, muito em particular que o PSD votou contra o SNS. Sim, é verdade, mas também
votou contra os primeiros passos da rede de cuidados primários. Mais: votou contra o estatuto do pessoal do
SNS que agora apregoa; votou contra a autonomia administrativa e financeira que agora tanto reclama; e votou
contra a participação dos profissionais e dos cidadãos na definição das políticas de saúde e na estruturação do
SNS.
Aplausos do PS.
Por isso, uma vez mais, reitero: é urgente e mais que pertinente que o PSD clarifique, para que não restem
dúvidas, que caminhos pretende seguir.
Volto a dizer ao PDS e ao CDS que a medicina privada existia em 1974, em 1979, em 1990 e existe hoje
ainda mais reforçada e, como se vê, cheia de fulgor.
A medicina privada não carece de injeções financeiras do Estado; o SNS, sim, carece de reforço e apoio
redobrados não para privatizar ou estatizar mas para ter a força que ele precisa para responder aos desafios
que os portugueses lhe colocam.
Aplausos do PS.
Com o PS e com o atual Governo prosseguimos, por isso, um rumo que visa a ampliação da capacidade de
resposta do Serviço Nacional de Saúde. Pretendemos manter e estruturar novos programas de promoção da
saúde e vemos como essencial continuar a reforçar os cuidados de saúde primários e o crescimento da Rede
Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Ao longo desta Legislatura, e como já foi frisado, o apoio ao SNS foi robustecido numa média anual de 8900
milhões de euros no período de 2016 a 2018.
Sr. Primeiro-Ministro, os desafios que se colocam ao nível do envelhecimento da população e o peso
crescente da carga da doença crónica implicam que temos de continuar a apostar em políticas públicas
centradas na prevenção e deteção precoce da doença e na promoção da saúde numa perspetiva de ganhos
sustentados de saúde.
No processo histórico de construção do SNS, nunca foi possível contar com o PSD e, pelo que aqui ouvimos
hoje, dado o tratamento que deram ao tema que V. Ex.ª aqui trouxe, sobram mais dúvidas do que certezas se
será desta vez que contamos com o PSD.
Por isso mesmo, Sr. Primeiro-Ministro, pergunto-lhe: não considera que é chegado o momento de concentrar
o foco dos recursos públicos numa clara separação entre público e privado? Esta clarificação permitir-nos-á
prosseguir o processo de recuperação e de revitalização, garantindo a promoção da equidade no acesso, a
melhoria da eficiência e o aumento da qualidade dos serviços de saúde.
Sr. Primeiro-Ministro, acredita que este é o caminho para recuperar a força e a vitalidade do SNS e para
reforçar a confiança dos cidadãos quanto ao acesso ao direito constitucional que é a saúde?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Jamila Madeira, este debate era muito importante
por dois motivos: primeiro, porque era necessário clarificar e separar as águas; segundo, porque era necessário
fazermos aqui uma análise objetiva e não assente no casuísmo.
Que este debate incomodou a direita, demonstrou-se logo pela forma como o trataram. Fugiram do tema
como o diabo da cruz, porque não quiseram discutir nem a questão dos princípios nem a abordagem geral.
Aplausos do PS.