7 DE FEVEREIRO DE 2019
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Sales, estava tentado a dizer-lhe o mesmo
que disse há pouco ao Sr. Deputado André Silva, ou seja, que estou 100% de acordo consigo.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Poderia ter respondido às perguntas de Os Verdes! Isso é que era!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Efetivamente, devo dizer-lhe, Sr. Deputado, que estamos de consciência muito
tranquila. E estamos de consciência muito tranquila porque, quando dirigimos uma mensagem aos enfermeiros
em 2015, sublinhámos como eram essenciais para o Serviço Nacional de Saúde e como era fundamental
recuperá-los para o SNS.
Portanto, em vez de termos reduzido o número de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde, contratámos,
ao longo destes três anos, mais 4000. Estamos, neste momento, em condições de abrir um novo concurso para
mais 500 enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde.
Olhámos para os enfermeiros como titulares de direitos, repondo todos os direitos que lhes tinham sido
cortados a nível do vencimento e do pagamento das horas de qualidade e das horas extraordinárias, alargando-
o mesmo àqueles enfermeiros que, tendo sido contratados com contratos individuais de trabalho, já tinham
assinado contratos que, desde origem, contemplavam as 40 horas, para garantir que havia igualdade entre uns
e outros. Introduzimos também um subsídio para os enfermeiros que exercem funções como especialistas. E,
neste quadro negocial, já aceitámos a principal reivindicação: rever o acordo estabelecido há uns anos de uma
carreira unicategorial, criando as categorias de enfermeiro, de enfermeiro especialista e de enfermeiro gestor.
Fomos, pois, ao limite daquilo que podíamos ter ido com razoabilidade.
Quem é que acha que, em Portugal, é possível que a remuneração de entrada para a base da carreira, que
nos últimos anos subiu de 1000 € para 1200 €, possa agora subir de 1200 € para 1600 €?!
Já não vou sequer entrar na discussão que ouvi acerca da comparação entre o vencimento de um enfermeiro
e o vencimento de um médico. Acho que é uma discussão que diz tudo sobre quem a quer promover. Mas o
que é absolutamente claro é que todos nós compreendemos que este aumento de 400 €, na entrada do
vencimento-base, é absolutamente incomportável para o conjunto do País. E seria também absolutamente
injusto relativamente a todas as outras carreiras. Qual a carreira que não gostaria de ter um aumento desta
natureza?! É humano e isso eu não critico, mas não podemos aceitar que, em nome de uma ambição
absolutamente irrealista e insustentável, que não é sequer passível de qualquer tipo de negociação, se ameace
o direito à saúde dos portugueses, como tem estado a ocorrer.
Há algo que nunca poderemos fazer: confundir os enfermeiros, os profissionais do Serviço Nacional de
Saúde, com aqueles que são os seus dirigentes na Ordem ou os seus dirigentes sindicais, tal como não podemos
sequer confundir, nos dirigentes sindicais, aqueles que exercem de forma responsável e nos termos da lei da
Constituição o seu direito à greve com aqueles que o fazem de uma forma absolutamente ilegítima.
Nem podemos sequer confundir uma instituição respeitável como é a Ordem dos Enfermeiros, como qualquer
outra ordem, a Ordem dos Enfermeiros enquanto instituição, com quem, neste momento, a representa e que,
infelizmente, está a cometer graves ilegalidades, violando a proibição legal de atividade sindical por qualquer
ordem profissional.
Aplausos do PS.
Isso é absolutamente ilegítimo, inaceitável e intolerável, cabendo ao Governo promover a reposição da
legalidade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Chegámos, assim, ao fim deste debate. Obrigado a todos os que nele participaram, ao
Sr. Primeiro-Ministro e aos Srs. Membros do Governo aqui presentes.
Falta apenas anunciar a ordem do dia da próxima sessão plenária, que terá lugar amanhã, quinta-feira, às
15 horas.
Do primeiro ponto consta a discussão do Projeto de Resolução n.º 1548/XIII/3.ª (PSD) — Recomenda ao
Governo a adoção de medidas urgentes em matéria de registos e notariado.