I SÉRIE — NÚMERO 48
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O Sr. AntónioSales (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados,
Sr. Primeiro-Ministro, como profissional de saúde, tenho um enorme respeito pela classe de enfermagem, com
quem trabalhei lado a lado nos blocos operatórios durante mais de 30 anos e por vezes até em condições muito
difíceis.
Ao longo destes 30 anos, observei sempre cooperação entre os diferentes profissionais. Por isso,
compreenderá que para mim é muito difícil e penoso neste momento, em nome dessa relação de passado,
observar os acontecimentos dos últimos tempos, que produziram enormes fissuras nestes relacionamentos
interprofissionais e que desmerecem até, de alguma forma, o grande prestígio dessa enorme realidade que é o
Serviço Nacional de Saúde e que são os profissionais de saúde.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, enquanto cidadão português, não posso admitir que qualquer classe
profissional, seja ela qual for, se aproprie do direito à vida e à proteção da saúde de quem quer que seja, muito
menos daqueles que, por debilidades pessoais e físicas, não dispõem de alternativas de tratamento no sistema
de saúde.
Aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, é hora de dizer «basta». Basta de transformar em política os direitos fundamentais dos
doentes! Basta de comportamentos que extravasam e abastardam competências de instituições respeitáveis
cujas funções são de regulação e de defesa de valores éticos e deontológicos! Basta de promover agendas
pessoais à custa do direito à saúde dos portugueses!
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, nesta matéria não aceitamos lições de moral de nenhum dos outros partidos,
daqueles que, em 2014, mandaram emigrar mais enfermeiros do que aqueles que as escolas formavam.
Pediram para sair do País 2850 enfermeiros!
Aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, não aceitamos lições de moral do PSD e do CDS, que, em agosto de 2015,
chantagearam sindicatos de enfermeiros depois de terem suspendido negociações como resposta a uma greve
de três dias em pleno pico do verão.
Aplausos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, não aceitamos lições de moral de quem, durante quatro anos, atrofiou o Serviço
Nacional de Saúde, aumentando taxas moderadoras, congelando a inovação terapêutica, reduzindo em 7900 o
número de profissionais, cortando 1200 milhões de euros de financiamento à saúde. Foi este Governo que
iniciou um processo de recuperação, reforçando o financiamento em saúde, reforçando em cerca de 9000 o
número de profissionais, reduzindo taxas moderadoras, repondo as 35 horas semanais, os suplementos
remuneratórios e as horas extraordinárias.
Na verdade, Sr. Primeiro-Ministro, têm sido dados passos significativos neste trajeto de recuperação do SNS,
mas não tem sido fácil, tal foi a delapidação que PSD e CDS provocaram no Serviço Nacional de Saúde. Ainda
muito nos falta fazer, mas com certeza que vamos fazê-lo.
Neste ano em que o SNS faz 40 anos de uma história relevante ao serviço do País, o que os portugueses
querem ouvir não é o bota-abaixo do PSD e do CDS, o que os portugueses precisam de ouvir é uma palavra
positiva de esperança e de confiança na melhoria do Serviço Nacional de Saúde.
Gostaria de lhe perguntar, Sr. Primeiro-Ministro, se vamos continuar, de forma reforçada, a ter o SNS como
uma das principais apostas e prioridades deste Governo e quais os próximos passos a dar durante esta
Legislatura.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.